Desafeto de Lira, Renan vê “incoerência” do PT em voto por aprovação de emendas do relator

Renan Calheiros, inimigo do grande beneficiário das emendas impositivas, lamenta divergência de pensamento de parlamentares petistas e de seu líder

Renan Calheiros, Arthur Lira e Lula || Crédito: Pedro França/Agência Senado/Pablo Valadares/ Câmara do Deputados/Pedro Gontijo/Senado Federal

O Congresso Nacional aprovou na manhã desta sexta (16) modificações na legislação que deu vida às emendas impositivas, ou emendas do relator – ou ainda RP9 –, instrumento de parca ou nenhuma transparência com que o Câmara Federal e Senado garantiram sobrevida a Jair Bolsonaro em troca de poder fazer o que bem entendessem com nacos do orçamento do governo federal – o que ficou conhecido por “orçamento secreto”.

A constitucionalidade ou não do orçamento secreto, como se sabe, está sendo decidida nestes dias pelo STF, e, por ação de Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski, o julgamento teve seu desfecho adiado de quinta (15) para a próxima segunda-feira. Faltam justamente o voto desses dois juízes, que ganharam tempo para que o Congresso pudesse aprovar as mudanças desta sexta (16).

Quem não anda nada feliz com a evolução do tema é o senador Renan Calheiros (MDB-AL), inimigo figadal e paroquial de Arthur Lira (PP-AL), cujo poder se expandiu com o instrumento. Renan criticou o apoio das bancadas do PT ao projeto, até porque as emendas do relator foram chamadas de “excrescência” por Lula durante a campanha presidencial.

“O encaminhamento do PT é totalmente incoerente com o que pensa o seu  líder, o presidente eleito. Eu não gostaria de estar participando desse momento no Congresso Nacional. Essa coisa de RP9 é um escárnio”, disse Renan”.

Com a aprovação a toque de caixa desta sexta, os parlamentares esperam que Gilmar e Lewandowski votem a favor da constitucionalidade das emendas impositivas. O placar no momento é adverso para deputados e senadores: 5 x 4 pela inconstitucionalidade.