Chefes das Forças Armadas criticam agentes públicos que alimentam “desarmonia”

Almir Garnier Santos (Marinha), Marco Antônio Freire Gomes (Exército) e Carlos de Almeida Baptista Junior (Aeronáutica) || Crédito: Marcos Corrêa/PR/Divulgação/Exército/FAB

Depois do affaire Defesa-TSE, comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica buscam participação no debate público com nota ambígua; Gleisi reage

Na quarta (9), o ministério da Defesa divulgou seu esperado relatório sobre o funcionamento do sistema eleitoral brasileiro, frustrando quem imaginava encontrar ali motivos para seguir colocando em dúvida a lisura do resultado final; na quinta (10), a mesma pasta achou por bem emitir nota comentando o relatório, talvez por ter sentido que a conclusão de que não houve fraude tenha ganhado espaço demais no noticiário.

A narrativa esperada pela Defesa era algo do tipo “não houve fraude, mas nossos camaradas não podem garantir que o sistema é infalível”.

Já estava bastante bom para a semana, mas nesta sexta (11), os comandantes das três forças entraram em cena. Almir Garnier Santos (Marinha), Marco Antônio Freire Gomes (Exército) e Carlos de Almeida Baptista Junior (Aeronáutica) decidiram assinar nota conjunta em que, de modo ambíguo, condenam “excessos” em manifestações populares que pedem intervenção militar e, ao mesmo tempo, atacam “eventuais restrições a direitos por parte de agentes públicos” – agentes públicos esses, segue a nota, que podem vir a alimentar “desarmonia na sociedade”.

Para meio entendedor meia palavra bas, e não foi preciso muito esforço para que fosse visto o poder Judiciário como destinatário principal da mensagem, num repeteco do famoso tuíte do general Villas Bôas às vésperas da decisão do STF que condenou Lula e o tirou das eleições, em 2018.

A presidente do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann não se serviu de ambiguidade para rechaçar a nota.

“Não é papel dos comandantes militares opinar sobre o processo político, muito menos sobre a atuação das instituições republicanas. O direito de manifestação não se aplica a atos contra a democracia, que devem ser tratados pelo nome: golpismo. E combatidos, não são pacíficos nem ordeiros”, tuitou.