Fim das eleições não desmobiliza militância digital

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Seguidores bolsonaristas mobilizam-se com mensagens sobre fraude, “teaser” de relatório das Forças Armadas e sobre o redivivo artigo 142; Janones e MTST entram no ringue

Imaginou errado quem imaginou que o fim do processo eleitoral de 2022 iria desmobilizar os bunkers digitais do bolsonarismo e da oposição. Desde a noite de domingo (30), quando Lula foi proclamado vencedor do pleito presidencial, mobilizações bolsonaristas interrompem estradas e vias de grande movimento de tráfego, como a Marginal Tietê, em São Paulo.

Não há líderes nas ações, diferentemente da paralisação dos caminhoneiros de 2018, mobilização que teve no então candidato Jair Bolsonaro grande apoiador.

As interrupções de tráfego, que chegaram inclusive à rodovia de acesso ao aeroporto internacional de São Paulo, alimentam-se, contudo, de uma outra mobilização, algo organizada, esta digital.

Conclamações para que apoiadores de Bolsonaro estejam nas ruas por 72 horas desde a apuração; “fraude” na totalização de votos, consequência do uso de um “algoritmo” tendencioso; “teasers” do que seria a “auditoria” da urna eletrônica pelas Forças Amadas; e a infame interpretação do artigo 142 da Constituição são temas que dominam grupos e subgrupos do WhatsApp e do Telegram.

Com tudo isso, os artilheiros digitais de Lula tiveram de voltar à campo. O deputado federal mineiro André Janones, que também granjeou popularidade na paralisação dos caminhoneiros de 2018, disse nesta terça (1º) que conversou com líderes do movimento de 2018. “Segundo eles, os bloqueios não têm o apoio da categoria e são orquestradas por Bolsonaro, através de alguns infiltrados”, escreveu em sua conta no Twitter.

Janones ainda fez um comentário sobre a diferença de tratamento entre os piqueteiros bolsonaristas e os militantes do MST: “Quando o MST tranca estradas, são arruaceiros, quando os ricos fazem o mesmo, são manifestantes. Nunca foi sobre o ato em si, mas sim sobre quem o pratica.”

O MST não recomenda nenhuma ação neste momento, mas o MTST, Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, com atuação forte nas cidades, notadamente São Paulo, convocou seu exército para ajudar a desbloquear ruas e estradas.