O empreendedor estadunidense Trevor Milton, da empresa de caminhões elétricos Nikola, até outro dia era considerado o “novo Elon Musk”, por fazer bombar o valor de mercado de sua companhia, uma espécie de Tesla dos veículos pesados. Ela chegou a valer US$ 34 bi, “valuation” maior do que a da Ford, mesmo sem ter colocado na praça qualquer caminhão.
Mas desde esta terça (14), ele está mais para Elizabeth Holmes, que foi do céu ao inferno por conta do naufrágio de sua companhia de testes de sangue Teranos. Milton enfrenta desde terça julgamento por supostamente manipular seus investidores ao apresentar perspectivas de negócios e imagens de veículos fraudulentas. Para a promotoria, trata-se de um “mentiroso serial”.
Segundo a promotoria, um vídeo em que apresentava o protótipo do caminhão em operação, foi feito numa estrada montanhosa, para dar um efeito de velocidade inexistente. Além disso, uma das testemunhas ouvidas no julgamento, Paul Lackey, engenheiro de uma empresa de carros elétricos contratado por Milton, disse que o empresário não estava muito interessado na pegada de carbono.
“Não me importo um c* com a natureza. Quero fazer dinheiro”, teria dito Milton, segundo Lackey.
De qualquer forma, a inviabilidade econômica da promessa de um caminhão movido a hidrogênio que emitisse para a atmosfera apenas vapor d’água, o Nikola One, algo tecnologicamente possível mas extremamente custoso, não pareceu óbice para os investidores. Isso pode não ser considerado uma atenuante no processo.
A pena máxima para o fundador da Nikola, caso os promotores façam cabelo, barba e bigode, é de 25 anos.