A bomba fiscal armada em 2022 com a PEC Kamikaze e outros excessos do governo de turno terá de ser enfrentada com sapiência por quem assumir o Planalto em 2023, mesmo em caso de reeleição de Jair Bolsonaro. E como os candidatos mais bem colocados nas pesquisas de intenção de voto falam em manter auxílios para os mais pobres, além de incentivos e desonerações para certos setores, o problema deverá se avolumar.
Ciro Gomes (PDT), que ganhou os holofotes na terça (23) por conceder entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, é, até aqui, o mais eloquente dos candidatos a discriminar as fontes de financiamento para o seu próprio programa de auxílio, ou de renda mínima, na homenagem que o pedetista faz ao petista Eduardo Suplicy, defensor histórico do tema. O auxílio de Ciro prevê distribuição de R$ 1 mil mensais para famílias carentes.
Ciro fala em taxar os “58 mil super-ricos” brasileiros com patrimônio de mais de R$ 20 mi em algo como 0,5% de sua fortuna. Cada uma dessas pessoas contribuiriam para auxílio de 50 milhões de brasileiros que vivem abaixo da linha da probreza, pessoas que ganham R$ 417 ou menos por mês.
Já Lula, que será recebido pelo JN na quinta (25), mas pode preferir não alardear seu plano no televisivo, também usa a expressão “super-rico” em suas “diretrizes” de governo enviadas ao Tribunal Superior Eleitoral. O documento fala em “reforma tributária, solidária, justa e sustentável”, mas não discrimina alíquotas ou alvos.
“Vamos colocar os pobres outra vez no orçamento e os super-ricos pagando impostos”, reza o documento. “Vamos fazer os muito ricos pagarem imposto de renda, utilizando os recursos arrecadados para investir de maneira inteligente em programas e projetos com alta capacidade de induzir o crescimento, promover a igualdade e gerar ganhos de produtividade”, segue.