Os chefes das duas casas do Congresso Nacional parecem que estão a viver num mundo paralelo. Enquanto Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, silencia absolutamente sobre qualquer assunto, como se o Brasil passasse por normalidade institucional como jamais se viu, Rodrigo Pacheco, (PSD-MG), presidente do Senado, faz uma retrospectiva em sua conta do Twitter sobre assuntos aprovados pelo Senado, num recesso, dir-se-ia, ególatra.
Seria injusto dizer, a bem da verdade, que Lira não fala sobre nenhum assunto institucional. Nove dias após a enésima peroração de Jair Bolsonaro contra as urnas eletrônicas, desta vez para uma plateia de diplomatas, ele se viu compelido a falar. E o fez de maus bofes.
“A Câmara dos Deputados fala quando é necessário falar, não quando querem obrigá-la a falar. Eu dei mais de 20 mensagens mundo afora e internas no Brasil de que sempre fui a favor da democracia e de eleições transparentes e confio no sistema eleitoral. Instituições no Brasil são fortes, são perenes e não são e nunca serão redes sociais. Não podemos banalizar as palavras das autoridades no Brasil. Não farão isso com a Câmara dos Deputados enquanto eu for presidente”, disse.
No entretanto, no sábado (23), Lira vestiu a camisa de campanha de Jair Bolsonaro em plena convenção do PL, no Rio de Janeiro.
Quanto a Pacheco, o festival de egolatria no Twitter, com publicações feitas por um diretor de arte, com o senador postado contra um fundo que é a imagem de algum Niemeyer famoso de Brasília, também quase só houve espaço para realizações pretéritas. É bem verdade que Pacheco agiu rápido na segunda (18), logo após o nhém-nhém-nhém do presidente com os diplomatas.
“A segurança das urnas eletrônicas e a lisura do processo eleitoral não podem mais ser colocadas em dúvida. Não há justa causa e razão para isso. Esses questionamentos são ruins para o Brasil sob todos os aspectos”, mandou.