Se havia alguém que ainda concordava com a “operação especial” russa na Ucrânia, também conhecida por “guerra” ou “invasão”, o argumento deve ter acabado de cair por terra.
A principal justificativa usada pelo presidente russo, Vladimir Putin, para jogar 150 mil russos na guerra – além de destruir o país vizinho –, era afastar a possibilidade da Ucrânia ingressar na Otan, a organização de ajuda militar que congrega Estados Unidos e boa parte da Europa Ocidental. Para Putin, era inadmissível que a vizinha viesse a concentrar bases para ataques à Rússia – inclusive nucleares.
Mesmo se a guerra fosse uma brincadeirinha sem mais aquela, sem derramamento de sangue, o que está bem longe de ser o caso, o tiro teria saído pela culatra. Nesta terça (5), os 30 países-membros da Otan assinaram um protocolo para as adesões da Finlândia e da Suécia, países que sempre se pautaram pela neutralidade nos 70 anos da Guerra Fria e do mundo bipolar.
O processo ainda poderá levar um ano para que as adesões sejam efetivamente formalizadas. Talvez seja a janela de oportunidade que Putin tem para declarar guerra aos vizinhos escandinavos sem merecer – ainda – um contra-ataque da mesma moeda vindo dos países mais poderosos da Otan.