Assim como o mineiro só é solidário no câncer, na asserção famosa, a esquerda só consegue se unir no descalabro – ou nem isso. Bem, o inédito acordo PT-PSB que juntou Lula a Geraldo Alckmin, um feito histórico, não conseguiu evitar rachas nos palanques estaduais.
No Rio Grande do Sul, os dois partidos têm candidatos a governador que, aliás, não fazem sombra aos líderes das pesquisas, Eduardo Leite (PSDB) e o bolsonarista Onyx Lorenzoni (PL). Nem mesmo somando as intenções de votos de Beto Albuquerque (PSB) e Edegar Pretto (PT), os pleiteantes conseguem chegar ao segundo turno.
Em Pernambuco, o desgaste com Marília Arraes, petista histórica que deixou o partido para viabilizar sua candidatura a governadora pelo Solidariedade (!) diante da oposição do PSB, não maculou sua relação com Lula. Marilia segue lulista desde criancinha e atrelou desde o início da campanha sua imagem com a do ex-presidente. Ela lidera as pesquisas de intenção de voto.
No Rio, a situação é espeto. A conversão do deputado federal Marcelo Freixo, que deixou a esquerda-profunda do Psol pelo centrismo do PSB para se viabilizar candidato a governador, não aparou arestas que toldam o palanque.
A coligação PT-PSB quer que a vaga ao Senado seja disputada por André Ceciliano (PT), presidente da assembleia legislativa do Rio e sujeito que mantém relações carnais com a centro-direita fluminense; já o PSB aposta em Alessandro Molon, parlamentar de inestimáveis serviços à centro-esquerda que já foi apontado como melhor deputado federal pelo site Congresso em Foco.
Molon está uma arara com a situação e não se furtou a conceder entrevista ao colunista Bernardo Mello Franco, de O Globo, explicitando seu descontentamento.
“A hora é de grandeza. Não podemos gastar energia com fogo amigo. Nossos adversários são outros”, disse, reiterando depois que seguirá candidato a senador, mesmo que o PT marque posição com Ceciliano. Não há impedimento legal para a coligação apresentar dois pleiteantes, desde que pertencentes aos partidos da chapa.