Em editorial, “The Guardian” pede pressão de líderes mundiais por desaparecidos

Dom Phillips e Bruno Pereira || Crédito: Divulgação

Jornal inglês insta secretários John Kerry e Liz Truss a exigirem que governo brasileiro intensifique buscas por Don Phillips e Bruno Pereira; empresas de mídia assinam carta aberta

No que talvez tenha sido a reação mais iracunda contra a apatia de Bolsonaro e a demora das forças militares brasileiras em se engajar na procura do jornalista inglês Don Phillips e do indigenista Bruno Pereira, desaparecidos no oeste do Amazonas no domingo (5), o jornal The Guardian publicou nesta quinta (9) editorial em que insta líderes estadunidenses a se posicionar com firmeza sobre o tema.

O jornal vê como “altamamente improvável” que o governo brasileiro mude seu empenho nas buscas se não houver pressão internacional e cita explicitamente os secretários John Kerry e Liz Truss, pedindo que ambos marquem posição.

Para o diário britânico, Bolsonaro mostrou “pouco interesse” numa resposta apropriada. O jornal ainda lamentou a manifestação — até aqui única — do presidente sobre o assunto, em que, bem ao estilo deste governo, transferiu a responsabilidade pelo desaparecimento da dupla a eles mesmos — Dom e Bruno.

Bolsonaro está em Los Angeles, onde mais à noite se encontra com seu homólogo estadunidense Joe Biden na Cúpula das Américas. Se decidir andar pelas ruas, talvez cruze com um caminhão que projeta em sua carroceria a imagem dos desaparecidos. Encimando o contorno de seus rostos está a frase, em inglês: “Ameaçados, agora desaparecidos”.

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Diversas empresas de jornalismo também produziram uma carta aberta exigindo que o governo brasileira se mexa. Entre elas, The New York Times, The Wall Street Journal, Bloomberg, AP, The Intercept e as organizações Repórteres sem Fronteiras e a brasileira Agência Pública.