Em entrevista ao jornal O Globo, o senador baiano Jaques Wagner, postulante em outubro ao governo de seu estado – que ele já chefiou por dois termos sucessivos –, usou de seu conhecido tom moderado para mostrar que o PT não está assim todo prosa com a popularidade de Lula atestada por sucessivas pesquisas eleitorais.
(Na verdade está todo prosa, e Wagner também, mas pega bem pagar de “não tem nada ganho ainda, a jornada ainda está começando” etc. etc.)
Ou, para usar suas próprias palavras, o que é jornalisticamente mais correto:
Muita gente em 2018 foi dormir com a faixa e acordou derrotada. Não brinco com isso, até me preocupo. Vamos botar a sandalinha da humildade (…) Muita gente no PT fala que tem que bater no presidente [Bolsonaro]. Por mim, eu nem toco o nome dele. O que ele tem ruim já está consolidado. Eu não sou dos que acham que um acerto ou outro da economia ou programa social vão impulsioná-lo.”
Wagner, que deve travar uma disputa difícil na Bahia contra o ex-prefeito de Salvador ACM Neto, o Netinho, a quem vai tentar pespegar a pecha de conservador, quiçá bolsonarista, chegou mesmo na entrevista a não dar como fava contada a união de Lula com o ex-governador paulista Geraldo Alckmin.
“O nome do Alckmin brotou de um estado importante. É a maior economia do país, a maior população, o maior eleitorado (…) Mas, se você perguntar se está consagrado, não está. Você com certeza vai encontrar gente do PT dizendo: “Ele [Lula] não precisa disso, tem popularidade.”
Por fim, redefiniu, sem usar essa expressão popularizada pelo PT no começo dos anos 2000, o conceito de “herança maldita”:
“Isso que chegou em 2018 não vai embora. Nós vamos sempre ter uma oposição barulhenta. Não necessariamente parlamentar, mas na sociedade. E o estilo complicado de agressividade. Vamos ter que aprender a conviver, infelizmente. Saiu da gaveta e não sei se volta. Como nos EUA também há os trumpistas.”