Com sua entonação particular, que solapa o tom interrogativo, tornando-o, ao contrário, afirmativo, o ex-juiz, ex-ministro de Bolsonaro e ex-consultor a serviço da transnacional Alvarez Marsal Sergio Moro foi finalmente instado nesta sexta (11), em entrevista a jornalistas da rede Meia Norte, do Piauí, a se pronunciar sobre a performance de seu apoiador Kim Kataguiri, deputado federal (Podemos-SP), em entrevista ao Podcast Flow.
Kim, como boa parte do país sabe, considerou segunda passada (5), em entrevista ao apresentador Monark, que foi um erro da Alemanha criminalizar o nazismo e qualquer alusão a essa ideologia – e justificou: Kim acha que a melhor maneira de suprimir e derrotar uma ideia “bizarra”, um dos adjetivos que usou para definir o nazismo, é fazê-la ser levada a debate.
Moro passou quatro dias evitando o tema – o máximo que se permitiu foi um lacônico tuíte para mostrar distância do nazismo – nele, nenhuma alusão às falas de Kim e Monark.
Hoje, contudo, perguntado, viu-se compelido a falar:
“Ele já pediu desculpas. Eu acho que ele se equivocou profundamente em relação a essa fala e ele já pediu as escusas, pediu as desculpas a todas as pessoas, como tem que ser.”
Vai ser difícil Moro deixar de usar “escusas”, mas ao menos conseguiu pronunciar “desculpas” na mesma sentença.
O problema foi na sequência:
Ele tem um histórico como parlamentar. Nós vamos apagar esse histórico porque ele cometeu esse erro brutal… Mas não reflete o que ele pensa, foi uma gafe verbal.
Faltou ao ex-ex-ex colocar a entonação de interrogação na sentença: “Nós vamos apagar esse histórico porque ele cometeu esse erro brutal?”
Por isso, a entrevistadora insistiu: “o senhor considera uma gafe, não um crime?”
Disse que foi uma “gafe verbal”, escapando da resposta se considera a “gafe verbal” crime ou não.
Mais de uma vez ele precisou lembrar aos apresentadores, por alguma razão, que seu nome era “Sergio Moro”.
“Meu nome é Sergio Moro, respondo pelas minhas falas e pelos meus pensamentos. Eu sempre foi (sic) ardoroso defensor tanto da democracia quanto dos direitos humanos. Não sou nem MBL, nem o Podemos, não sou qualquer outra pessoa.”