Bolsonarismo pisa em ovos para defender liberdade de expressão irrestrita e rejeitar alusões ao nazismo

Adrilles Jorge, Damares Alves e Carla Zambelli || Crédito: Jovem Pan/Reprodução/Lissa de Paula/ALES/Cleia Viana/Câmara dos Deputados

Diante das polêmicas suscitadas pelo podcast “Flow” e agora pelo comentador Adrilles, ex-Jovem Pan, figuras centrais do conservadorismo ora no poder se equilibram entre o ataque e o afago

Embora o bolsonarismo e seus principais atores dentro do governo sejam vorazes defensores de uma visão bastante deturpada da liberdade de expressão – que inclui a liberdade de proferir discurso de ódio contra adversários de ocasião, ministros do STF incluídos –, figuras centrais do conservadorismo ora no poder tiveram de se posicionar diante da verdadeira avalanche que foi a repercussão das performances do podcaster Monark, agora ex-Flow, e Adrilles Jorge, da Jovem Pan.

Monark, como se sabe, em gravação com os deputados federais Kim Kataguiri (DEM-SP) e Tabata Amaral (PSB-SP) exibida na segunda (7), defendeu a liberdade de expressão até para quem professa o antijudaísmo, além de especular sobre a criação de um partido nazista no Brasil.

Na terça (8), Adrilles, comentando sobre o episódio de Monark, terminou sua intervenção com um aceno de mão que alguns espectadores interpretaram como a saudação nazista. Ele se defendeu, no Twiter, o que não impediu seu afastamento do programa que estrela, e, dada a marcha inexorável dos fatos, sua demissão da Jovem Pan.

“A insanidade dos canceladores ultrapassou o limite da loucura. Depois de um discurso meu veemente contra qualquer defesa de nazismo, Um tchau é interpretado como um saudação nazista. Nazista é a sanha canceladora que não enxerga o próprio senso assassino do ridículo.”

Diante do posicionamento firme das entidades judaicas e do risco que é tentar se manifestar em favor de Monark e Adrilles – este um defensor contumaz de Jair Bolsonaro –, os bolsonaristas passaram a pisar em ovos. Damares Alves, ministra da Mulher e dos Direitos Humanos, por exemplo, foi na noite de terça ao Twitter escrever:

“Minha solidariedade ao povo israelense e à comunidade judaica. O holocausto não foi brincadeira, jamais devemos esquecer as barbaridades promovidas pelos nazistas.”

A deputada federal bolsonarista Carla Zambelli (PSL-SP), que também criticou o colega Kim Kataguiri por este dizer no Flow que a “Alemanha errou” por criminalizar o nazismo – ele explicou depois que é “muito melhor expor a crueldade dessa ideologia nefasta” –, deu like.