Leilões de bens de luxo faturam como nunca longe das tradicionais capitais do mundo e online

Himalaya Diamond Kelly, da Hermès

Vendas de joias, relógios e bolsas mais que dobraram em 2021, e atraíram uma nova geração de compradores, os millenials

Mais evidências de que 2021 foi um dos melhores anos dos últimos tempos para o mercado de luxo. Na Christie’s, famosa casa de leilões, as vendas de joias, relógios e bolsas mais que dobraram, crescendo 153% e chegando a um montante de US$ 980 milhões. A Hermès segue dominando os pregões de moda. Recentemente uma bolsa Himalaya Diamond Kelly foi arrematada por US$ 515 mil, um recorde mundial para um acessório como este.

De olho em clientes além das tradicionais capitais, a Christie’s e a Artcurial estão realizando eventos em Aspen, Southampton e Mônaco que ajudaram a impulsionar o sucesso. E a importância dos chamados bens de luxo para as principais casas de leilões do mundo só faz crescer.

No ano passado, a Christie’s, de propriedade do fundador da Kering, François Pinault, conhecida por vender obras de Modigliani e Damien Hirst, gerou US$ 736 milhões em seus pregões ao vivo (presenciais e online), enquanto os US$ 240 milhões restantes foram obtidos por meio de vendas privadas, que inclui um mercado online, além de conectar vendedores com sua lista de compradores ricos, tudo sem alarde.

Itens de luxo também ganharam força na casa de leilões Artcurial, em Paris. Em 2021, eles representaram 18% dos 169 milhões de euros em vendas totais, 10% a mais que em 2019. A Sotheby’s entrou na onda e agora vende Birkins da Hermès e Louis Vuitton X Yayoi Kusama Keepall de edição especial ao lado de suas listagens de pinturas de Mark Rothko e Cy Twombly.

Embora relógios e joias sejam pilares para essas casas de leilões, o aumento da atividade na moda de segunda mão tem surpreendido, pois ocorre em meio à crescente concorrência de clientes e fornecedores. A plataforma de revenda de luxo Vestiaire Collective levantou mais US$ 210 milhões para financiar sua expansão em setembro passado, elevando sua avaliação para US$ 1,7 bilhão. A Rebag e a GOAT também anunciaram rodadas de financiamento bem-sucedidas.

Uma razão pela qual os vendedores de Modiglianis de US$ 162 milhões se ocupariam com anéis Cartier Trinity de US$ 2.100 é que eles veem os produtos de luxo como uma ferramenta fundamental para alcançar clientes mais jovens e expandir seus negócios online.

Embora os leilões de categorias tradicionais como arte ainda sejam dominados pelas gerações mais velhas, os compradores millennials responderam por 29% das vendas na Christie’s e até 43% para bolsas e acessórios de luxo. Entre esses compradores, 32% eram novos clientes.

A facilidade de envio e armazenamento desses itens e o alto nível de conforto com o e-commerce da categoria também o tornam propício para a expansão no universo virtual. Isso tem sido fundamental para as casas de leilões desde a pandemia, pois viajar ou enviar representantes para leilões ao redor do mundo tem sido uma tarefa mais complexa nos últimos tempos.