Doria e Leite sobem o tom em segundo debate interno do PSDB

Eduardo leite e Doria || Crédito: Reprodução YT/ Estadão

Governadores voltam a se enfrentar por vaga a candidato presidencial da sigla em 2022 e duelam por adesão de bancada de deputados federais a pautas de Bolsonaro

O PSDB realizou nesta sexta (12) o segundo debate de seus candidatos a presidente da República. O inovador modelo desses eventos domésticos coloca os três candidatos a mercê de jornalistas profissionais. Desta vez, o time do Estado de S.Paulo inquiriu João Doria, Eduardo Leite e Arthur Virgílio.

O que sobressai é que o governador gaúcho parece estar cada vez mais à vontade num palco que antes parecia dominado por Doria. E, como era de se esperar dada a combustão interna do PSDB com as impugnações de filiados pedidas inicialmente por Executivas que apoiam Leite, o tom subiu em relação ao debate de há três semanas, na redação do jornal O Globo.

Doria voltou a criticar a adesão clara e dir-se-ia feliz da bancada de deputados federais do partido às pautas do governo, como se viu nesta semana na aprovação da PEC do Calote na Câmara. Disse o governador paulista: “Os três paramentares do PSDB que você comanda no Rio Grande do Sul votaram com o governo Bolsonaro”.

E Leite, na jugular:

“O João acabou de falar sobre os deputados que ele comanda. Isso deixa claro a diferença do nosso tipo de atuação. Eu não comando deputados, eu busco convencer com argumentos. E sempre convenci a fazer as coisas certas e do jeito certo.”

Doria devolveu conclamando Leite a “melhorar seus argumentos”, já que os deputados gaúchos “votam com Bolsonaro há meses”.

Leite foi ao Twitter após o encontro para ecoar uma resposta que deu no debate, brandindo a palavra “orgulho”. “Precisamos recuperar o orgulho de sermos brasileiros, e isso só acontecerá se tivermos sensibilidade social e controle das contas. Gerar crescimento sustentado. Chega de voos de galinha no País!”

Doria não foi ao Twitter, mas em sua última manifestação no Estadão, mencionou figuras que vê alinhadas com o “seu” PSDB, como FHC, o ex-prefeito Bruno Covas e a ex-governadora gaúcha Yeda Crusius.

As referências a Bruno Covas e Yeda foram feitas de caso pensadíssimo, já que a gaúcha é uma defecção importante na base aliada de Leite e, no caso de Bruno, Leite vem castigando o paulista ao reunir em torno de si figuras muito próximas do ex-prefeito, como o ex-secretário da habitação de São Paulo Orlando Faria – que se demitiu dizendo-se pressionado e acusando retaliação de Doria – e os vereadores paulistanos Xexéu Trípoli e Aurélio Nomura.