Há algum tempo o economista Marcos Lisboa cunhou a expressão “país da meia-entrada”, ou “democracia da meia-entrada”, para mostrar que o Brasil não realiza suas reformas estruturantes por conta da força de grupos de pressão que conseguem manter seus privilégios – militares, funcionalismo etc.
No fim, para subsidiar esses grupos de pressão, o “custo Brasil” acaba saindo mais caro para todos os que não fazem parte dessas castas.
Certamente o liberalismo sem peias e bastante perverso advogado pelo MBL não sabe bem o que quis dizer Lisboa com isso, mas ainda assim seu representante na assembleia legislativa de São Paulo, o deputado Mamãe Falei, poderia usar o nome do acadêmico do Insper para a lei que acaba de aprovar no Legislativo paulista.
Mamãe comunicou em sua conta de Twiter que projeto de sua autoria foi aprovado, acabando com a meia-entrada para eventos culturais e esportivos no estado.
Num diálogo com u seguidor, o jornalista Diego Iwata, que perguntou ao deputado qual era a lógica do projeto, Mamãe disse:
“Qual a lógica da empregada doméstica pagar mais caro pro estudante rico pagar meia? Empresário não baixa preço por altruísmo. Baixa por concorrência. A imprevisibilidade no número de pessoas usando o benefício só gera confusão e aumento do ingresso por segurança de arrecadação.”
Iwata replicou: “Levando-se em conta que a maior parte dos estudantes é pobre, porque a maior parte da população é pobre, seu projeto terá como resultado final a diminuição do acesso do jovem à cultura. Qual o espírito dessa lei? A quem ela beneficia, no fim das contas?”
Ficou por isso mesmo.
Meu projeto que acaba com a meia-entrada em SP foi APROVADO.
Acabaremos com a distorção social que a meia-entrada causa e o impacto econômico negativo que ela gera no setor cultural.
Votaram contra: PT, PSOL, Janaina Paschoal e Douglas Garcia.
Agora vai à sanção do governador!
— Arthur do Val – Mamaefalei ⬛️🟨⬜️ (@arthurmoledoval) October 27, 2021