Veículos elétricos ou movidos a combustíveis renováveis são tendência global

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Empresas adotam frota verde com plano de reduzir emissões de gases causadores do efeito estufa

O aquecimento global é uma realidade e, apesar da pandemia, o  alerta  não  para  de  soar.  Estudos  feitos  por  pesquisadores do Centro de Meteorologia do Reino Unido preveem que 2021 será um dos  seis  anos  mais  quentes  já  registrados  na  história.  Incêndios,  secas  e  enchentes  frequentes são alguns dos efeitos causados pelo  aumento  das  temperaturas,  exigindo  urgência  na  implementação de medidas para frear esse processo.

Em abril, lideranças de mais de 40 países se reuniram na Cúpula do Clima, organizada pelo governo dos Estados Unidos. Na pauta, a redução de emissão de gases na atmosfera.  A queima de combustíveis fósseis foi citada como uma das principais causas do problema e esteve no foco do debate. Um dos assuntos  mais  comentados  foi  a  eletrificação  do  setor  de  transportes.  As  grandes  potências  apostam  alto  em  eletromobilidade e fabricantes de veículos vêm anunciando planos ambiciosos nessa área.

No Brasil, o mercado de veículos elétricos começa a dar indícios de crescimento e bateu novo recorde de vendas no primeiro  semestre  deste  ano.  Os 13.899 eletrificados emplacados no  período representam  1,4%  dos  1.006.685  veículos comercializados entre janeiro e junho,  segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).

Segundo o presidente da ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico), Adalberto Maluf, um  dos destaques do primeiro semestre é o expressivo crescimento das vendas de comerciais leves  100%  elétricos.  Essa tendência confirma o aquecimento do mercado de logística e indica uma opção das empresas do setor pelo transporte sustentável, com apoio de prefeituras municipais.

“Tivemos um grande  crescimento  da  eletrificação  do  transporte  urbano  de  carga com a logística verde, de um lado, pelo  trabalho  das  empresas  que  avançam  suas  agendas  ESG  e,  de  outro,  pela liderança de prefeituras, como São Paulo e Rio de Janeiro”, diz Maluf, lembrando  porém  que,  apesar  do  crescimento  contínuo,  o  Brasil está longe dos principais  mercados  globais  em  matéria  de  eletrificação do transporte. Junho foi o melhor mês da série  histórica  da  ABVE,  com   3.507   emplacamentos, superando o resultado de maio (3.102).

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Um bom exemplo entre as companhias que estão  adotando  frota  verde  é  a  JBS.  Segunda  maior  empresa  de  alimentos  do  mundo  e  líder no setor de proteína, assumiu em março o compromisso de se tornar Net Zero até 2040, ou seja, zerar seu balanço líquido de emissões de gases causadores de efeito estufa e eliminar as residuais, e iniciou o transporte de carga da Seara com caminhão 100% elétrico.

“Inovação e sustentabilidade são pilares fundamentais para a Seara e o projeto com caminhão elétrico reforça esse posicionamento, que também implementamos  em  nossa  operação.  Estamos  sempre  em  busca  de  modais  alternativos  e  limpos,  e  nosso  objetivo  é  ampliar  cada  vez  mais  o  alcance  dessas  soluções  logísticas  disruptivas,  garantindo  sempre  qualidade  e  prazo  das  entregas para os nossos clientes”, ressalta Fabio Artifon, diretor de logística da Seara.

O  modelo,  com  tecnologia  importada,  é  o  primeiro  a  rodar  na  indústria  de  alimentos  refrigerados do Brasil. Em termos comparativos,  a  cada  Veículo  Urbano  de  Carga  (VUC)  – utilizado atualmente e movido a diesel – retirado  das  ruas,  5  toneladas  de  monóxido  de  carbono deixam de ser emitidas mensalmente. Além disso, o caminhão elétrico apresenta, em  média,  um  custo  operacional  até  três  vezes menor do que o VUC.

“O  uso  de  veículos  elétricos  ou  movidos  a  combustíveis  de  fontes  renováveis  faz  parte  do  compromisso  da  JBS  de  ser  Net  Zero  até  2040”,  reforça  Artifon.  O  objetivo  é  que  a  companhia  tenha  cada  vez  mais  eletrificados  em  operação  no  Brasil.  Na  Seara,  30  caminhões  do  tipo  já  foram  adquiridos  e  têm  previsão  de  entrega  até  o  fim  do  ano. O grupo também adquiriu  carretas  sustentáveis  movidas  a  gás  natural  veicular  (GNV)  –  uma  redução  de  15%  nas  emissões  de  CO₂ em comparação ao diesel – que agora fazem parte de um projeto-piloto também na Friboi.

SOLUÇÃO CORPORATIVA
A Ucorp, startup brasileira de tecnologia e soluções de mobilidade corporativa focada em veículos elétricos, realizou uma análise comparativa entre carros elétricos e a combustão, com o objetivo de demonstrar de maneira simples as mudanças e novas tendências. Foram levadas em conta a eficiência dos veículos quanto a gastos, valor de manutenção e emissão de CO2 . Um veículo abastecido com gasolina, por exemplo, emite em média 150 gramas de gás carbônico por quilômetro rodado. Outros gases como o monóxido de carbono (CO), óxidos de nitrogênio (NOx), hidrocarbonetos (HC), dióxido de enxofre (SO2 ) e material particulado (MP) também são emitidos contribuindo para a poluição da atmosfera.

A análise mostra ainda que o carro a combustão chega a produzir 3 toneladas de CO2 a cada 20 mil quilômetros rodados, enquanto em um carro elétrico esse valor é de cerca de 70 quilos. “Os EVs têm dez vezes menos peças e dez vezes menos custos com manutenção. Dentre os benefícios temos também a diminuição na produção de CO2 e maior eficiência quando colocado em movimento. Quando falamos de frotas eletrificadas temos melhora na gestão das empresas, diminuição de carros nas ruas e de multas, e economia na locação de carros, o que traz uma redução de gastos importante”, ressalta o CEO e fundador da Ucorp, Guilherme Cavalcante.