“Governar não é só sobre gerir orçamento, é também ajudar a avançar do ponto de vista civilizatório”, diz Eduardo Leite

Em Live de PODER com Joyce Pascowitch, governador gaúcho diz que há dimensão cultural na administração pública, critica Bolsonaro pelo conjunto da obra e diz que Brasil precisa de mais “raciocínio lógico”

Eduardo Leite || Crédito: Felipe Dalla Valle/Palácio Piratini

O governador gaúcho Eduardo Leite esteve na Live de Poder da noite desta quinta-feira (9). Em entrevista à publisher Joyce Pascowitch, um loquaz, simpático e bastante ponderado Leite falou sobre vários temas, da própria biografia política à declaração recente sobre sua homoafetividade, passando por seu apoio ao impeachment de Jair Bolsonaro.

Num dos melhores momentos da entrevista, ele disse que “governar não é só sobre gerir orçamento, é também a ajudar a formar consciência, avançar do ponto de vista civilizatório”. Neste momento, ele falava sobre sua decisão de falar sobre a própria sexualidade – e de quanto isso poderia ajudar o país caso ele se tornasse um presidente gay. Ainda sobre o tema, ele comentou que irá fazer aniversário de 1 ano de namoro e pretendia contar sobre essa relação durante seu mandato – o fato de decidir disputar as prévias presidenciais do PSDB acelerou a decisão.

Leite também explicou a Joyce como conseguiu pegar um dos estados de maior dívida pública do Brasil, com “servidores sem receber no dia correto ao longo de três anos”, e colocar as contas em ordem. Leite vem sendo festejado por algumas das vozes liberais mais estridentes do país, como Marcos Lisboa, do Insper, por esse feito.

Sobre o momento de polarização política que o Brasil passa, ele disse que esse processo já é histórico no Rio Grande do Sul, mas “que firmeza não tem a ver com desrespeito”. “Não vejo quem pensa diferente de mim como inimigo a ser abatido”.

Num dia que ficou marcado politicamente pela carta de recuo de Jair Bolsonaro, Leite não hesitou: “Ele faz manifestação no 7 de Setembro incitando a população a desrespeitar decisões judiciais, constrangendo ministro do STF e a Corte, e agora pede desculpas? O que é isso? Ou cometeu crime de responsabilidade ou tem problema psicológico grave e merece interdição [por razões cognitivas]”

Perguntado como o Brasil deveria fazer para deixar de se fiar tanto numa economia de exportação de commodities, ele falou, previsivelmente, sobre educação. Para aumentar a produtividade da economia do país, Leite disse da necessidade de “capacitação da nossa mão de obra”. E, para isso, é preciso mais “capacidade cognitiva”, mais “raciocínio lógico”, mais domínio da “matemática” e de “capacidade criativa”.

Sobre mulheres, e há várias delas em seu secretariado, disse que no Rio Grande do Sul foi criado um Auxílio Emergencial próprio para ajudar as que ficaram descobertas pelo auxílio federal de 2020 – auxílio emergencial que ele fez questão de dizer que era uma pauta do Congresso, não de Bolsonaro.

Joyce perguntou sobre alguns gurus políticos do governador, e ele citou diversos chefes de estado tão jovens quanto ele, como Jacinda Ardern, a primeira-ministra da Nova Zelândia, e Justin Trudeau, do Canadá.

Leite aproveitou para corrigir o que chamou de distorção de uma entrevista internacional em que ele “negaria a causa LGBT+”. “Um presidente tem de construir muito mais do que isso”, disse, reconhecendo que a “causa da diversidade é muito importante para o Brasil”.

No final, falou de sua eclética preferência musical. “Vou de Frank Sinatra a Raça Negra”. Também citou o uruguaio Jorge Drexler. Das minisséries, citou a política Borgen.

E antecipando-se às piadas de gaúcho que poderiam surgir quando há um deles no ambiente, disse que “brinco que não perdemos a revolução Farroupilha, espalhamos gaúchos pelo Brasil.”