Minas surpreende e reage a manifesto contra STF da Fiemg

Depois de indústria do estado tomar à frente das demais federações e divulgar documento enviesado, associação comercial mineira evoca passado e vê “confrontação física nas ruas” como “anarquia”

“Minas é palavra abissal”, dizia Carlos Drummond de Andrade, para no mesmo poema dar a senha: “Ninguém entende Minas”.

Como se sabe, a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) se antecipou à Fiesp, à Fierj – à Fierj – e a todas as demais federações de indústrias dos entes subnacionais ao redigir e dar conhecimento de um manifesto em que atacou o STF.

O que se articulava, até então, pelos paulistas e também pela Febraban, era a publicação de um documento anódino, acassiano mesmo, que se limitaria a conclamar pela harmonia entre os poderes – um chamado à serenidade que o  presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, aliás mineiro, endossaria.

Mas ninguém entende Minas. Nesta quinta (2), a ACMinas (Associação Comercial e Empresarial de Minas Gerais), que congrega inclusive a Localiza, empresa fundada por Salim Mattar, foi na direção contrária e publicou o “2º Manifesto dos Mineiros ao Povo Brasileiro”.

(O primeiro foi para tentar apear Getúlio Vargas do poder, ainda nos anos 1940).

No momento de maior fulgar do documento desta quinta, os mineiros dizem:

“A ruptura pelas armas, pela confrontação física nas ruas, é sinônimo de anarquia, que é antônimo de tudo quanto possa compreender uma caminhada serena, cidadã e construtiva. A democracia não pode ser ameaçada, antes, deve ser fortalecida e aperfeiçoada. O que se pretende provocar é outro tipo de ruptura: a ruptura através das ideias e da mudança de comportamentos em todas as dimensões da vida. O objetivo é construir (na verdade, reconstruir) um projeto de Nação para o Brasil, dando sentido novo ao que seja patriotismo, de modo a fazer do povo brasileiro uma gente mais feliz e colocando o Brasil como Nação altiva, livre e democrática no concerto das Nações.”

Mattar, que ocupou a secretaria de Desestatização no ministério da Economiazinha em 2019, um dos mais fragorosos fracassos da pasta de Paulo Guedes, saiu-se com uma resposta mineira em seu Twitter, tecendo elogios ao primeiro manifesto mineiro – não aquele contra o Getúlio, mas contra o STF.

Na dúvida, melhor jogar nas colunas 1, 2 e na do meio.