Morre o marqueteiro Duda Mendonça, aos 77 anos

Duda Mendonça || Créditos: Bernando Helio/Câmara dos Deputados

Publicitário baiano colecionou vitórias em série na política, de Paulo Maluf prefeito em São Paulo em 1992 a Lula presidente em 2002

Ele ajudou a eleger de Paulo Maluf a Lula. O baiano Duda Mendonça, morreu nesta segunda (16), aos 77 anos, em São Paulo. Fundador da agência de publicidade DM9, em Salvador, na Bahia, que ficaria famosa com Nizan Guanaes como sócio, ele trabalhou na campanha vitoriosa de Paulo Maluf a prefeito de São Paulo, em 1992.

Depois, na campanha do sucessor de Maluf, Celso Pitta, também vencedora, Duda cunhou o nome “fura-fila” para um BRT (ônibus de trânsito rápido) que foi apresentado como grande obra a ser legada pelo político. Se a população paulistana se fiou naquilo para votar no ex-secretário de Maluf, precisou esperar dez anos para ver o sistema de transporte inaugurado.

Duda ainda ajudaria a eleger Lula a presidente e 2002, quando repaginou o candidato histórico do PT, que já havia perdido três eleições presidenciais. Paralelamente à conversão do político às pautas centristas, especialmente na área econômica, Duda operou a limpeza da imagem de Lula, transformando-o no “Lulinha paz e amor”.

O caldo desandou em 2005, na CPI dos Correios, que apurava escândalos no círculo presidencial, quando Duda Mendonça, convocado, afirmou ter recebido seu pagamento milionário pela campanha de Lula via caixa 2, em conta no exterior. O depoimento provocou seu rompimento com o PT.

Segundo o colunista Lauro Jardim, que foi o primeiro a revelar a morte do publicitário, em O Globo, o ex-presidente visitou Duda no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, onde este estava internado e o petista passava para um check-up.

No documentário Entreatos, de João Moreira Salles, que mostra bastidores da campanha de Lula em 2002, o comando de Duda de um auditório à Sílvio Santos é uma passagem memorável. Nele há petistas ilustres e membros importantes de outros partidos, e todos são instados pelo publicitário, nem sempre na linha paz e amor, a cantarem com energia o famoso jingle “Lula lá”. Era a decolagem para o segundo turno contra o senador José Serra (PSDB), e fazia-se fundamental explicitar a união em torno do candidato.

Duda, que tinha hábitos exóticos como apostar em rinha de galos e praticar pesca esportiva do marlim azul, foi lembrado no Twitter pelo ex-ministro de FHC, Xico Graziano, que o chamou de “gênio do marketing político e parte de um grupo de baianos supercriativos que revolucionou a comunicação no país”.

O conterrâneo Rui Costa, governador da Bahia pelo PT, lamentou “a morte do baiano Duda Mendonça”, “que teve o seu talento reconhecido no Brasil e no mundo”.

Um pouco mais tarde, Lula se manifestou, em nota, dizendo que Duda Mendonça foi um “gênio da comunicação política” e que “produziu filmes e mensagens de muita sensibilidade”.