Os grandes conglomerados chineses listados em bolsa vêm sofrendo uma espécie de fogo amigo do próprio governo chinês. Mas não é uma fogueirinha qualquer, trata-se de um incêndio de grandes proporções.
Primeiro foi com a Alibaba, que teve um de seus spin offs, a fintech Ant, multada pesadamente às vésperas do IPO, inviabilizando a operação; depois ocorreu com o TikTok, que teve uma súbita mudança de comando.
O advogado especializado em tecnologia e colunista da Folha de S.Paulo Ronaldo Lemos especulou em sua coluna desta segunda (2) que o movimento busca carrear recursos para uma área de tecnologia mais dura, visando um “salto de produtividade” do país, em detrimento de “conveniência para o consumidor”.
Seja com for, nesta terça (3) as notícias pesaram para a Tencent, outro gigante chinês (com grande participação da sul-africana Naspers).
Tudo começou com um artigo divulgado em publicação ligada à agência oficial Xinhua que qualificou os jogos (games) online, muito praticados por jovens chineses, de “ópio espiritual”. O jogo “Honor of Kings” foi explicitamente mencionado.
Foi a senha para a Tencent dificultar o acesso de jogadores para seu icônico game. Em rede social, disse que “autoridades importantes” haviam exigido “responsabilidade social” e maior proteção para os menores.
Com isso, os papéis da empresa ruíram 10,8% em Hong Kong. Cerca de 1/3 do faturamento da Tencent hoje vem dos games.