Assim que a carioca Aída dos Santos soube que participaria da última eliminatória para as Olimpíadas de Tóquio, em 1964, sua mãe não a liberou até que antes fizesse as “coisas da casa”: carregar balde d’água, lavar roupa e encerar o chão. Por isso, quando chegou ao Maracanã, estava tão cansada que sua ideia “era só dar uma satisfação”. Após a insistência do técnico, decidiu participar da prova e atingiu, em um salto de 1,65 m, o índice necessário para seguir viagem.
Em uma época em que os esportes individuais estavam ligados à Confederação Brasileira, Aída aterrissou no Japão junto com a delegação masculina de vôlei, mas aos poucos se viu sem técnico, sem uniforme e nem mesmo sapato de prego para competir. Treinando sozinha, foi a primeira mulher brasileira a disputar uma final olímpica e, mesmo com o pé torcido, marcou 1,74 m no salto garantindo o quarto lugar e o melhor resultado para uma atleta do país nos Jogos durante 32 anos. “Sou uma pessoa comum”, ela disse em entrevista no ano passado, enganando só mesmo quem não conhece sua história.