Bird on a Wire foi composta por Leonard Cohen para uma de suas maiores musas, Marianne Ihlen. O cantor e compositor canadense conheceu a norueguesa Marianne na ilha de Hydra, na Grécia, nos anos 1960, e foi lá que viveram seis anos de puro romance. Mesmo quando se separaram, seguiram se amando como melhores amigos e encerraram sua jornada nesta vida no mesmo ano. E é essa história do mais profundo amor que é retratada em Marianne & Leonard: Words of Love, que estreia nesta quinta-feira, dia 1º de julho, na Netflix. O filme foi dirigido por Nick Broomfield, cineasta britânico que assina outros documentários, como Whitney: Can I Be Me, sobre Whitney Houston, e Kurt & Courtney, sobre Kurt Cobain e Courtney Love. Ao jornal The Times, ele disse que o longa “está intoxicado da beleza da relação”, mostrando dois seres que, inclusive no fim de seu amor, mantiveram um carisma romântico.
Tudo teria começado na varanda da mercearia do cais onde o poeta convidou Marianne pela primeira vez para compartilhar sua mesa. Fazia três anos que ela havia chegado a Hydra, acompanhada de Axel Jensen, escritor norueguês com quem se casou e teve um filho, Axel. Mas ele fugiu com outra mulher e Cohen estava lá para consolá-la.
Marianne e o filho foram morar com Leonard, em uma casa caiada de três andares na paradisíaca e pacata ilha grega. Como ele escreveu a um amigo: “A maneira de viver de Marianne na casa é puro alimento. Todas as manhãs ela coloca uma gardênia na mesa de trabalho […] Quando há comida na mesa, quando as velas são acesas, quando lavamos a louça juntos e juntos colocamos o menino para dormir. Isso é ordem, é ordem espiritual e não existe outra”. Aliás, esse período de felicidade e liberdade foi dos mais produtivos da carreira de Cohen, resultando em quatro livros de poemas e o romance Belos Perdedores.
Também foi naquela época, em Hydra, que o hoje icônico cantor fez seu primeiro show formal em uma taverna, porque precisava de dinheiro. “Vi que estava escrevendo há 10 anos e não podia pagar a conta da venda, então pensei em cantar.”
Tragicamente romântico, Leonard e Marianne morreram em 2016, com poucos meses de diferença. Depois da morte de Marianne, em 29 de julho, aos 81 anos, foi tornada pública a carta de despedida que Cohen escreveu para sua eterna musa, na qual também se despedia: “Bem, Marianne, chegou a hora em que os nossos corpos estão tão velhos que penso que te seguirei em breve. Sabeis que estou tão próximo de ti que se esticares a tua mão, chegarás à minha. Tens noção que te tenho sempre amado pela tua beleza e pela tua sabedoria, mas nem preciso te dizer algo mais porque já sabes isso tudo. Mas agora só te quero desejar uma bela viagem. Adeus velha amiga. Amor eterno, nos veremos por essa estrada”. Cohen se foi em 7 de novembro, aos 82 anos. Confira o trailer: