Há algum tempo que os eventos políticos do Brasil, que vão se renovando muitas vezes ao longo do dia, dominam completamente o noticiário, sem trégua. Nem férias legislativas são capazes de interromper o aluvião.
Esta semana, de novo, vai ser movimentada. Tem (talvez) Carlos Wizard na CPI da Covid, João Doria antecipando vacinação em São Paulo – e chegando ao número de 20 milhões de doses distribuídas aos paulistas –, Senado correndo para votar o projeto da privatização da Eletrobrás com os jabutis enfiados pela Câmara.
(E a economia contribuindo para o frisson, com reunião do Copom, possivelmente para subir de novo a taxa de juros).
Mas tudo isso talvez seja “peanuts” diante do primeiro encontro presencial entre Joe Biden, agora como presidente norte-americano, e Vladimir Putin, seu homólogo russo, nesta quarta (16), na Suíça.
Os antecedentes já são dramáticos, com Biden, numa entrevista à ABC News, em março, concordando com o repórter, que chamou Putin de “assassino”.
Putin amaciou na resposta, usando, sem citar explicitamente, o conceito de transferência psicanalítica, jogando a atribuição homicida para Biden.
A tensão cresceu com a expulsão de diplomatas dos dois lados, depois disso.
Tudo isso pode até passar batido, mas a pauta é encrespada. Com os ciber-ataques russos nas campanhas eleitorais norte-americanas, a guerra na Ucrânia, e, principalmente, com a prisão dos opositores de Putin, Biden talvez esteja em condições de jogar mais no ataque.
Nos Estados Unidos, parlamentares republicanos veem o encontro oficial com Putin com enorme ceticismo, como se Biden estivesse a dar uma certa autorização para os gestos autocráticos do russo.
O problema é que Putin vem colecionando aliados no tabuleiro geopolítico, como a China, e mesmo na Europa, já que a Alemanha é consumidora do gás fornecido pelos russos.