Divórcio de Bill e Melinda Gates movimenta jornalismo de fontes secundárias

Bill e Melinda Gates || Crédito: WikiCommons

Com acesso interditado a protagonistas da história e seus círculos, publicações usam outros órgãos de imprensa para estruturar apurações

Um jornalista muito ativo nos anos 1990 que acabou por construir um pequeno império imobiliário nas imediações da redação em que dava expediente em São Paulo cunhou a expressão recycling journalism, reciclando, ele mesmo, a expressão de outrem.

A ideia de que as notícias sempre acabam por se repetir no tempo estava por trás do conceito, mas uma outra aplicação passou um tanto batido à época: o uso de uma notícia a partir de um outro órgão de mídia. Hoje, devido talvez às múltiplas formas de origem da notícia – como as redes sociais do próprio noticiado –, há menos pudor em se fazer esse tipo de reciclagem jornalística.

Foi o que fez a revista Vanity Fair ao falar do divórcio de Bill e Melinda Gates.

Boa parte do que ali está é estruturado a partir das reportagens dos jornais The New York Times e Wall Street Journal, que, afinal, mergulharam na história da investigação interna levada a cabo pela Microsoft, causa do afastamento “voluntário” de Bill Gates do board da empresa que fundou.

De qualquer forma, a Vanity Fair tenta, a partir de fontes do círculo de Melinda, antever quais seriam os próximos passos do ex-casal, cujo casamento durou 27 anos e gerou um benchamark mundial de filantropia, a Fundação Bill e Melinda Gates.

E esses passos seriam uma investigação própria pela equipe de Melinda, com direito a revelações públicas. O círculo de Melinda refuta oficialmente a ideia.

Na Microsoft, segundo a publicação, que ouviu um funcionário, a notícia do divórcio do casal e da investigação sobre Gates teve “muito pouco efeito, se é que teve algum”, no dia a dia da empresa. Gates deixou a Microsoft há 13 anos.