Um jornalista muito ativo nos anos 1990 que acabou por construir um pequeno império imobiliário nas imediações da redação em que dava expediente em São Paulo cunhou a expressão recycling journalism, reciclando, ele mesmo, a expressão de outrem.
A ideia de que as notícias sempre acabam por se repetir no tempo estava por trás do conceito, mas uma outra aplicação passou um tanto batido à época: o uso de uma notícia a partir de um outro órgão de mídia. Hoje, devido talvez às múltiplas formas de origem da notícia – como as redes sociais do próprio noticiado –, há menos pudor em se fazer esse tipo de reciclagem jornalística.
Foi o que fez a revista Vanity Fair ao falar do divórcio de Bill e Melinda Gates.
Boa parte do que ali está é estruturado a partir das reportagens dos jornais The New York Times e Wall Street Journal, que, afinal, mergulharam na história da investigação interna levada a cabo pela Microsoft, causa do afastamento “voluntário” de Bill Gates do board da empresa que fundou.
De qualquer forma, a Vanity Fair tenta, a partir de fontes do círculo de Melinda, antever quais seriam os próximos passos do ex-casal, cujo casamento durou 27 anos e gerou um benchamark mundial de filantropia, a Fundação Bill e Melinda Gates.
E esses passos seriam uma investigação própria pela equipe de Melinda, com direito a revelações públicas. O círculo de Melinda refuta oficialmente a ideia.
Na Microsoft, segundo a publicação, que ouviu um funcionário, a notícia do divórcio do casal e da investigação sobre Gates teve “muito pouco efeito, se é que teve algum”, no dia a dia da empresa. Gates deixou a Microsoft há 13 anos.