Para olhos mais atentos, a desfiliação do senador Flávio Bolsonaro (RJ) do Republicanos, comunicada nesta quarta-feira (26), significa muito mais do que um ação tomada por impulso, como é tão comum entre os integrantes da primeira-família.
A questão aqui é mais o clássico instantâneo de Eduardo Pazuello: “Um manda, o outro obedece”.
A nota oficial emitida pelo senador é explicita em assumir sua subordinação paterna.
“O senador Flávio Bolsonaro informa que se desfiliou do Republicanos. O parlamentar, no entanto, ainda não tem um novo partido. Ele aguarda uma definição do presidente da República, Jair Bolsonaro, sobre qual será a nova sigla que eles devem se filiar”.
Pegou mal. Especialmente porque Flávio e visto como o mais razoável do clã. A menos que o comunicado de Flávio sirva para antecipar uma decisão a jato do presidente na escolha da casa nova, que deverá mesmo ser o Patriotas.
Dirigentes do partido estão em Brasília, aliás. Um dos argumentos em favor desse casamento, na usual metáfora presidencial, é a ojeriza que o presidente criou do PSL.
Bolsonaro pai não quer ver a legenda nem pintada de ouro, especialmente por causa de seus ex-aliados que hoje são desafetos, como Joice Hasselmann (PSL-SP), que poderia, segundo ele, beneficiar-se novamente de seu capital político.
No novo partido que abraçar Bolsonaro, uma das regras será justamente essa: só entra ali, com direito a se atrelar ao nome do presidente, quem estiver de mãos dadas com ele desde o começo.