Sonho planaltino de Rodrigo Pacheco diverge do mesmo sonho de seu partido

Rodrigo Pacheco || Crédito: Pedro França/Agência Senado

DEM e seu expoente presidente do Senado querem chegar ao Planalto em 2022, mas adesão a Bolsonaro estabelece separação oceânica entre ambições

O mineiro só é solidário no câncer, dizia Nelson Rodrigues, atribuindo a frase ao amigo mineiro Otto Lara Resende.

Na política, contudo, o mineiro é positivamente sincero — o que significa exatamente o seu oposto.

Assim, jamais espere que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM), diga abertamente que planeja disputar o Planalto em 2022, ocupando o espaço da tal “terceira via”, a “candidatura de conciliação”, ou, pior, de “união nacional”.

Pacheco deu entrevista para a PODER de maio, que você pode ler aqui.

A conversa é exatamente a mesma de Geraldo Alckmin (PSDB-SP), quando o paulista deixou o palácio dos Bandeirantes para concorrer à presidência em 2018. Até mesmo Juscelino Kubitschek, um dos ídolos de Pacheco, foi evocado nesta entrevista exclusiva de Alckmin a PODER.

Pacheco flerta com Juscelino há tempos. Citou o nome do correligionário em seu discurso de posse como presidente do Senado, em fevereiro, e tributou o ex-presidente no feriado de 21 de abril, quando Brasília celebra seu aniversário.

O DEM parece estar louco para embarcar no bonde presidencial, e esse deve ser o maior obstáculo para o sonho planaltino de Pacheco.

As saídas rumorosas de Rodrigo Garcia, vice-governador de São Paulo, que trocou o DEM pelo PSDB, do prefeito do Rio, Eduardo Paes, e futuramente de Rodrigo Maia, os três divergentes do alinhamento da sigla com Bolsonaro, evidenciam o caminho tortuoso pelo qual Pacheco terá de passar se quiser colocar o bloco na rua.