O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, tocou o terror na manhã desta segunda (10) ao fazer nova entrega para o ministério da Saúde das doses de CoronaVac contratadas pelo Programa Nacional de Imunização.
Enquanto despachava mais 2 milhões de doses do primeiro pacote (de 46 milhões de doses) para o ministério da Saúde, Covas lamentou as águas novamente paradas com a China, e, por conta disso, o atraso na entrega de insumos farmacêuticos (IFA) para produzir mais vacinas contra a Covid-19. O resultado, segundo ele, pode ser uma diminuição no ritmo de vacinação já em junho.
Até aqui, o governo de São Paulo, via consórcio Butantan com a chinesa SinoVac, forneceu 4 de cada 5 vacinas aplicadas nos brasileiros desde o começo da campanha, em janeiro.
Os insumos farmacêuticos atrasados são volumosos: 4 mil litros. Segundo o governador de São Paulo, João Doria, também presente à cerimônia de entrega, “razões diplomáticas” vêm empatando o fluxo.
“O mesmo laboratório, Sinovac, disponibiliza insumos para um país vizinho, o Chile, que não agride a China, que não tem o seu presidente falando mal do governo chinês, do povo chinês e de sua vacina. O fluxo é normal de entrega desses insumos para o Chile. Por que não é para o Brasil? Razões de ordem diplomática e as formas desastrosas de manifestação em relação ao governo da China”, disse Doria, segundo registrou O Estado de S.Paulo.
A principal reportagem do venerando jornal econômico Financial Times desta segunda-feira fala da predominância chinesa na distribuição de vacinas para diversos países do mundo e, com efeito, sublinha as dificuldades que o governo brasileiro vem criando no trato com os fornecedores chineses.
“O predomínio chinês na América Latina poderia ser ainda maior se não houvesse uma recente desaceleração nas entregas para o Brasil. Isso veio após comentários negativos sobre Pequim do presidente Jair Bolsonaro e de seu ministro da Economia, Paulo Guedes. Há a suspeita de que ambos foram punidos por seus comentários”, diz o artigo do “FT”, escrito em pool de jornalistas que mobilizou dois correspondentes em São Paulo, Brayan Harris e Michael Pooler.