A surpreendente decisão do presidente norte-americano, Joe Biden, de apoiar a quebra de patentes de vacinas contra a Covid-19 poderá ter reflexo no posicionamento do ministério das Relações Exteriores (MRE) brasileiro.
É que diplomatas que estão nos Estados Unidos em missão pelo Brasil dizem que “pegou muito bem” a mudança feita por lá. O Brasil, como se sabe, divergiu da Índia e da África do Sul e apoiou a posição dos Estados Unidos, na época presidido por Donald Trump, contra a quebra de patentes.
A quebra de patentes é vista como uma forma clara de acelerar a vacinação no mundo, mas os defensores do liberalismo – e o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, – são contrários a isso, por entenderem que isso é um desestímulo à pesquisa por conta das farmacêuticas.
A OMS tem uma visão distinta. O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse na quarta-feira (5), que a vontade externada por Biden é um “momento monumental” na luta contra a Covid-19.
Para o médico Carlos Henrique Castanho, professor do curso de medicina da Universidade de Brasília (UnB), “a ideia de quebrar a patente pode parecer razoável a curto prazo, pois facilita a produção local, mas pode fazer com as farmacêuticas comecem a encontrar outras formas de investir sua tecnologia na cura de doenças”.
O especialista diz que a melhor forma de garantir o alto desempenho do país na Saúde é fazendo investimento em estudos científicos voltados às doenças.
Para parte da comunidade científica, é isto que está acontecendo com a promessa de transferência de tecnologia de algumas empresas que venderam vacinas ao país e com a produção nacional do imunizante produzida pelo Butantan.
Atualmente, o período de duração das patentes das vacinas contra a Covid é de 20 anos.