O protagonismo mundial abraçado com fervor por Joe Biden desde janeiro talvez tenha surpreendido quem se acostumou com o padrão extravagante de liderança de Donald Trump.
E se houve quem celebrou a volta a uma normalidade democrática que certamente ficaria bastante comprometida com uma reeleição de Trump, queixumes surgiram aqui e ali.
O líder de uma velha antagonista dos Estados Unidos, a Rússia, tem razões para colocar as barbas de molho.
Biden vem adotando uma estratégia de morde-e-assopra com a Rússia, e subiu o tom mais de uma vez com seu homólogo eslavo. “Conheço você e você me conhece. Se eu souber que aconteceu [ingerência russa nas eleições norte-americanas], então se prepare”, o norte-americano disse ao russo, a se acreditar no que o próprio Biden falou em março, numa entrevista à ABC News.
(Nessa mesma entrevista, concordou com o entrevistador e disse que via Putin como “assassino”).
Corta para esta quinta-feira (15), quando Biden anunciou uma série de reprimendas e a expulsão de dez diplomatas russos de seu país, em represália à interferência russa no processo eleitoral, como que a levantar a bola para Putin dar sua própria finalizada.
E ela veio com a mesma “dosimetria”: dez diplomatas norte-americanos tomaram o cartão vermelho e terão de deixar o país. Além disso, oito autoridades dos Estados Unidos ficam impedidas de ingressar na Rússia, entre elas o atual diretor da CIA, Christropher Wray, e assessores de primeiro escalão do governo de Donald Trump.
Houve um telefonema entre os dois presidentes na terça (13), em que Biden teria deixado claro que novas sanções poderiam vir. Ambos, contudo, devem se encontrar pessoalmente em 2021, o que deve aliviar as tensões.
Finlândia e Áustria já se voluntariaram para receber a cúpula.