Lira cria comissão, e projeto antiterrorismo que dormitava na Câmara volta à cena

Arthur Lira || Créditos: Luis Macedo/Câmara dos Deputados

Deputados veem no gesto “pagamento de fatura” pelo apoio emprestado por Bolsonaro à eleição do presidente da Casa; oposição acusa “controle da sociedade”

A conta está começando a chegar para o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Ele acaba de acelerar a tramitação de um projeto bolsonarista-raiz que muda a lei antiterrorismo no Brasil. Lira aprovou a criação de comissão especial para fazer mudanças no texto, a pedido do líder do PSL na Casa, Major Vitor Hugo (GO).

O texto que estabelece “novas modalidades de controle da sociedade”, como critica boa parte da Câmara, dormitava desde 2019. “Não é possível que estejamos considerando este retrocesso”, reclamou a PODER Online a deputada Fernanda Melchionna (Psol-RS).

Para Jandira Feghali (PCdoB-RJ), “não faz o menor sentido criminalizar lideranças e movimentos sociais”, o que, segundo ela, é a principal ideia do projeto. “É absurda a ideia, por isso [o projeto] ficou parado durante dois anos”.

Ciente das críticas, Vitor Hugo propõe “muita calma” e afirma que o governo está empenhado em ajudar na aprovação do texto. A ideia original, vale lembrar, foi dada pelo então deputado Jair Bolsonaro, hoje presidente da República.

Nos bastidores, opositores dizem que voltar com um projeto tão polêmico é “pagar a conta” do apoio do palácio do Planalto nas eleições para a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.
Ainda que a prestações, como se vê, a fatura não foi esquecida.