A versão 100% online do festival SXSW, que acontece esta semana, teve ontem a presença do superstar Yuval Noah Harari, autor de Sapiens e Homo Deus. O historiador e professor israelense participou do painel “Por que temos medo da inovação” ao lado da atriz e neurocientista Mayim Bialik, de The Big Bang Theory, e do mediador, Niko Woischnik, que lidera de Berlim o Tech Open Air, principal festival de inovação europeu.
Mas até do que buscar respostas para este mundo distópico (e que se imaginava utópico) da manipulação digital e das fake news tão, o que pareceu chamar a atenção de muitos espectadores foi a biblioteca de Harari.
PODER Online comenta alguns dos títulos do historiador:
A Sexta Extinção, de Elizabeth Kolbert. A jornalista da revista New Yorker e escritora premiada mostra que após a queda do meteorito que varreu da face da Terra os dinossauros, é a vez da própria raça humana fazer o serviço apocalíptico no planeta. Seguindo pelo mundo oceanógrafos, botânicos e biólogos marinhos, ela apresenta a espécies que estão por um fio e algumas que só conheceremos pelos livros (ou pela Wikipedia) como o rinoceronte da Sumatra e um sapo do Panamá. O livro saiu no Brasil pela Intrínseca.
O Gene: uma história íntima, de Siddhartha Mukherjee. Editado no Brasil pela Companhia das Letras, o oncologista e escritor norte-americano de origem indiana ficou conhecido por seu monumental O Imperador de todos os males, a biografia, pode-se dizer, do câncer. É a genética agora seu campo de interesse, tema que é absolutamente fulcral na determinação dos caminhos escolhidos pelas pessoas em suas vidas. O escritor não se furta a seguir a pegada da própria família no livro.
O Novo iluminismo, de Steven Pinker. O psicólogo cognitivo e linguista norte-americano, autor do também colossal Como a mente funciona, vem sendo mais discutido ultimamente pelos tuítes em que nega comportamento discriminatório da polícia dos Estados Unidos do que propriamente por suas obras. Nesta, de 2018, e editada no Brasil pela Companhia das Letras, ele destoa de muitos pares e vê um momento sublime na história da humanidade agora. Seríamos de alguma forma tributários de Voltaire e Diderot, e Pinker roga que façamos bom uso dessa herança.
Gangster Warlords, de Ioan Grillo. O jornalista inglês radicado no México e que vem costumeiramente ao Brasil escreveu seu livro a partir de uma constatação dramática: a América Latina segue afundada numa espiral de violência por conta da força do narcotráfico. No livro, ele estuda o surgimento dos grandes cartéis do subcontinente, Comando Vermelho incluído. Um número alarmante, cerca de 1 milhão de mortos em dez anos, relacionados à ação desses grupos e do combate oficial a eles, dá razão ao que o jornalista chama de “holocausto movido pela cocaína”.
Who Owns the Future?, de Jaron Lanier. O músico e pioneiro do Vale do Silício ficou famoso por seu seminal Dez Argumentos para Você Deletar Agora Suas Redes Sociais (Ed. Intrínseca), em que, muito antes do “hype” atual, ele já argumentava que o tempo dedicado a Facebook, Twitter e quejandos é uma equação de resultante negativa. Há perda de sanidade, decência, livre-arbítrio, inteligibilidade e empatia, para ficar em apenas metade de seus argumentos, como mostrou esta reportagem da revista PODER. Em Who Owns, de 2013, ele enxerga um caminho para além apenas do “don’t!”: uma economia da informação que remunere as pessoas pelas ações em favor de uma comunidade, de um bem comum.