Com uma hora de atraso, a sessão que finalmente aclamou Bia Kicis (PSL-DF) como presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) nesta quarta-feira (10), foi tumultuada, mas a deputada chegou lá. Ela teve 41 votos; dezenove foram em branco.
Bia permaneceu em silêncio durante a sessão, presidida por Felipe Francischini (PSL-PR), que, como não integra mais o corpo do colegiado, e precisou deixar em certo momento o comando da reunião.
Fernanda Melchionna (Psol-RS), que chegou até a entrar na Justiça para barrar a candidatura de Kicis, inflamou o discurso, alegando que a pesselista é contra a democracia e propaga fake news na internet. Melchionna tentou se colocar como opção.
A deputada Maria do Rosário (PT-RS) teve o áudio cortado ao reclamar sobre os posicionamentos de Bia Kicis e ao proferir tentativas de encerrar a sessão.
Após as críticas à condução da reunião por Felipe Francischini se tornarem intransponíveis, o deputado Mauro Lopes (MDB-MG) assumiu o posto por ser o deputado com mais legislaturas nas costas. Mas aí Ivan Valente (Psol-SP), por videoconferência, reclamou ter sido objeto de negociatas para não assumir posto.
A primeira coisa que Mauro fez foi rejeitar a candidatura de Melchionna, que foi à Mesa reclamar e disse que vai recorrer da determinação. Em sua justificativa, o deputado mineiro disse que a deputada não pertence ao “partido que venceu a disputa pela distribuição de cargo em acordo de líderes e com base na representação proporcional”.
Ela disse que vai recorrer em plenário.
O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) saiu em defesa de Fernanda, dizendo que “acordo de líderes não é regimental”. Em resposta, Mauro disse que isso era “matéria vencida” e anunciou a votação.
Durante o processo de votação, o áudio de Ivan Valente foi aberto e ele chamou Mauro Lopes de “estepe”, dizendo que a presidência da sessão deveria ter sido conferida a ele próprio.
Mauro se irritou e disse que estava ali como presidente, pessoa com mais idade e com mais mandatos — como é o hábito.
Após a aclamação de Bia Kicis, o líder do PSL na Câmara, deputado Major Vitor Hugo (GO), disse que era uma grande felicidade participar daquele momento, pois a deputada “é muito capacitada e vai fazer um bom trabalho, principalmente com base em diálogo”.
Em versão paz e amor, Bia Kicis disse em seu discurso que “valores como paciência, serenidade e fé” foram grandes lições que ela aprendeu neste período em que precisou dialogar com todas as frentes para tentar manter o acordo de colocá-la na presidência da CCJ. Ela salientou que é a primeira mulher e primeira parlamentar do DF no cargo.
O deputado Leo de Brito (PT-AC) apareceu e disse ter esperança de que Bia seja a deputada do discurso e não a da prática, como quem diz: espero que as palavras de conciliação se contraponham ao posicionamento radical.