4 momentos cruciais de Rodrigo Maia à frente da Câmara Federal
4 momentos cruciais de Rodrigo Maia à frente da Câmara Federal
28/janeiro/2021 por Lincoln
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Se JK queria viver 50 anos em 5, pode-se dizer que estes dois anos de Bolsonaro valem por múltiplos ainda maiores. A quantidade de ações, declarações, movimentos e promessas geradas no Planalto parece não caber no aparato de comunicação brasileiro. Futuramente, os redatores dos almanaques que irão compilar estes anos terão trabalho. Boa parte desse “buzz” levou a pedidos de impeachment do presidente. São mais de 60 (e contando), assinados por partidos, parlamentares e pessoas comuns. Como cabe constitucionalmente ao presidente da Câmara dar curso a esses pedidos – ou arquivá-los –, Maia ficou de certa forma responsável pelo destino de Bolsonaro. Costuma-se dizer que o deputado “sentou” nos pedidos, já que não fez nem uma coisa nem outra – não instaurou qualquer processo de impedimento nem os arquivou. O diabo é que há coisa bastante grave lá, como a incúria total com que o governo respondeu à pandemia da Covid-19 e o apoio presidencial a movimentos que pediram o fechamento do Congresso e do STF.(Crédito: Câmara dos Deputados)
O antecessor de Rodrigo Maia na presidência da Câmara hoje está em prisão domiciliar e usa tornozeleira eletrônica. Mas Eduardo Cunha teve em Maia um entusiasmado discípulo quando decidiu levar à cabo o processo de impeachment de Dilma Rousseff. No domingo da votação que selou o destino da presidente, um embargado Maia começou seu voto dizendo que Cunha “entrava para a história” e que o “PT rasgava a constituição”. Ironicamente, seria com os votos dos partidos de esquerda que Maia iria contar para se manter à cabeça da Câmara e constituir uma maioria confortável para navegar durante o governo Temer, de quem foi o grande esteio quando o “presidente Michel” esteve para cair após as inconfidências de garagem de Joesley Batista, e nos dois primeiros anos de Jair Bolsonaro. (Crédito: Reprodução)
Apesar de ser considerado inimigo figadal de Jair Bolsonaro – e neste fim de mandato de fato ter subido o tom de maneira inédita contra o presidente –, Rodrigo Maia foi o comandante da Câmara que o chefe da República pediu a Deus em 2019, seu primeiro ano de mandato. Não fosse a mobilização do deputado carioca para aprovar a reforma da previdência, não haveria a menor chance dessa única reforma estrutural do governo Bolsonaro existir. A muito relevante economia para as burras do país, calculadas no fim de 2019 em cerca de R$ 800 bi em 10 anos, e sem a qual o futuro das contas públicas do Brasil talvez fosse bem mais cinzento do que já é, poderia ser ainda mais eloquente caso estranhos privilégios não fossem incluídos na undécima hora, como a aposentadoria amiga dos militares. A tramitação e aprovação da reforma teve cenas insólitas, como a de Bolsonaro se eximir de qualquer esforço por sua consecução, dizendo que “a bola” estava com o parlamento”; Paulo Guedes mostrou aí também suas credenciais de paraquedista total das relações entre Executivo e Legislativo. Com tudo isso, Maia “matou no peito”, como diria Roberto Jefferson, confiou na maioria que controlava na Câmara e levou o projeto ao plenário. Na aprovação em primeiro turno não conteve a emoção e chorou copiosamente. (Crédito: Câmara dos Deputados)
Controlar a pauta de votação. Eis a força, bastante significativa, do presidente da Câmara. Em entrevista exclusiva para a PODER em 2020, Maia reconheceu que esse poder era “muito grande”. Com ele, barrou a agenda conservadora de Bolsonaro, recusando a tramitação de projetos como os da mineração em terras indígenas e homeschooling. Mas nesses anos atípicos de Bolsonaro, Maia teve papel ativo, empurrado pela inércia presidencial. Diante da passividade do presidente e seus ministros quando da chegada da pandemia, a Câmara agiu, criando o auxílio emergencial (projeto do deputado Marcelo Aro) e aprovando a “PEC da Guerra”, o projeto de emenda constitucional que driblou o teto de gastos para injetar dinheiro na economia de estados e municípios. Dessa forma, o parlamento garantiu que o país e sua população, pode-se dizer, sobrevivessem. Bolsonaro acabou surfando nessas decisões, colhendo índices de popularidade crescentes. Perguntado pela PODER se sentia “ciúmes” dessa apropriação indébita, Maia respondeu: “Ciúmes? O que está segurando a economia é o auxílio emergencial. O presidente fez um cadastro novo, concentrou nele, tem méritos na comunicação e na execução do programa. Mas nós estamos felizes porque se não fosse a Câmara e o Senado, o presidente não estaria em condições de ter benefício.”(Crédito: Câmara dos Deputados)