Presidente do STF publica medida que impede que advogados escolham relatores, celebra o bom futebol do Fluminense e tenta superar inferno astral de posse “superspreader” e de críticas a autoritarismo
por Paulo Vieira
É sabido que discrição não é o forte do atual presidente do STF, Luiz Fux. Mas a estreia de seu biênio à frente da Suprema Corte não poderia ter sido menos extravagante.
De cara, optou por uma cerimônia de posse presencial, o que acabou por fazer do palácio do STF um dos hotspots do coronavírus em Brasília. Oito presentes à posse acabaram desenvolvendo a doença, o que fez o ministro ser comparado ao tenista Novak Djokovic e à blogueira Marcella Minelli, anfitriões de eventos “superspreaders” famosos.
Agora, por ter cassado medida liminar concedida pelo ministro Marco Aurélio Mello que levou à soltura do líder do PCC André do Rap, foi chamado de “autoritário”, “censor” e “tutor” pelo colega.
Ainda que o pleno tenha formado maioria para manter a ordem de prisão do traficante, três outros ministros, Gilmar Mendes, Cármen Lúcia e Ricardo Lewandowski, observaram que Fux teria passado algumas braças do espaço que usualmente cabe ao presidente.
“Apenas as funções de ordem estritamente administrativa é que nos diferencia”, disse Lewandowski.
Mas Fux termina a semana com viés de alta: aproveitou para publicar uma mudança regimental no STF que tenta evitar que advogados “escolham” relatores de processos de que são parte.
Os relatores são decididos em sorteios, mas os advogados podiam sucessivamente cancelar solicitações de um mesmo habeas corpus até que o processo chegasse a um ministro garantista mais simpático à causa.
Pode ser o desembarque efetivo do período de inferno astral de Fux, movimento que o combalido clube de seu coração também vem realizando nestas últimas semanas: para surpresa geral, o Fluminense faz ótima campanha na série A do Campeonato Brasileiro e jogou muito anteontem, no empate por 1 a 1 com o líder Atlético, em Belo Horizonte.