4 mulheres da lista de mais influentes do mundo da “FT”
4 mulheres da lista de mais influentes do mundo da “FT”
03/dezembro/2021 por Lincoln
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O decano matutino econômico Financial Times fez circular, na quinta (3), sua lista de 25 mulheres mais influentes do mundo. Há ali líderes empresariais e políticas, além de ativistas. Uma brasileira está na coleção, a empresária Luiza Trajano. Mas há algumas não tão conhecidas, ao menos no Brasil, que PODER Online apresenta agora.
Greta Thunberg cumpriu sua missão. Não a de sensibilizar os líderes mundiais para aquilo que eles têm de fazer – e eles, os líderes, insistem em adiar. Mas para fazer surgir outras Gretas, ampliando a mensagem e tornando o barulho em torno da iminência do apocalipse climático global alto o suficiente para incomodar não apenas os líderes, mas aqueles a quem os líderes ouvem: seus eleitores. Pode ainda não estar dando certo aqui ou acolá, mas vai rolar. Uma dessas outras Gretas é Vanessa Nakate. Natural de Kampala, capital da Uganda, ela tornou-se ativista após as gigantescas inundações de Uganda e países vizinhos há cerca de três anos. Formada em administração, teve atuação destacada na COP-26, falando para cerca de 100 mil pessoas no mesmo dia da “cameo” de Barack Obama. Antes havia sido capa da revista norte-americana Time e, na oportunidade, registrou no artigo um momento chave de sua vida como ativista, ao mostrar para uma platéia em Uganda o absurdo de seus conterrâneos não se preocuparem com o destino da
floresta tropical do Congo – maior remanescente desse tipo
de vegetação no mundo excetuando a Amazônia –, na fronteira oeste de seu país.
(Créditos: Paul Wamala Ssegujja)
A muito recente eleição chilena quebrou um paradigma político do país – os eleitores deixaram de escolher atores do espectro mais centrista, dividindo-se entre um candidato de esquerda e outro do que vem sendo considerado de extrema-direita. Parte disso pode ser explicado pelos gigantescos movimentos de rua que chacoalharam o país em 2019 e tiveram como consequência a edição de uma nova Constituição do país em 2021, dando fim ao entulho autoritário do regime militar de Pinochet. A assembleia reunida para redigir o texto teve 60% de seus representantes eleitos não oriundos de partidos políticos.
Elisa Loncón Antileo é descendente do povo originário mapuche, pouco representativo nas decisões políticas da história chilena dos últimos três ou quatro séculos – nada muito diferente do que ocorreu nas vizinhanças –, mas ela conseguiu ser eleita para a presidência da assembleia, apesar de apenas 11% das cadeiras terem sido reservadas para os povos originários. Elisa conseguiu seguir carreira acadêmica, doutorando-se na Holanda e também em Santiago. Durante a ditadura de Pinochet, usou o teatro, à maneira talvez do Teatro do Oprimido de Augusto Boal, para mobilizar comunidades distintas do sul de seu país contra a truculência do regime militar.
(Créditos: Reprodução YU/Sinfiltros_TV)
A presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, talvez tenha a tarefa mais inglória de todos os atuais líderes mundiais. Afirmar a
autonomia de um território que nem todas as demais nações reconhecem como país – e que a mais poderosa delas, a China, não reconhece absolutamente como tal. Em seu segundo mandato consecutivo, ela vem conseguindo navegar um mar encapelado que se tornou encapeladíssimo nas últimas semanas, com a maior coleção de incursões aéreas à ilha por parte da China de Xi Jinping. A jornalista Carrie Gracie, ex-editora da BBC China, escreve no perfil da FT que, “diferentemente de tantos líderes políticos e empresariais do mundo que praticam autocensura ao primeiro sinal de incômodo por parte de Pequim, Tsai não se curva em face de intimidações”. E tampouco, segue a jornalista, “antagoniza”. (Créditos: Mori / Office of the President)
Não é normalmente possível escolher como a história deve se repetir, se como tragédia ou como farsa, como na formulação famosa de Karl Marx no 18 Brumário. Qualquer um que olhe para o destino do Afeganistão não teria dúvida em ficar com a primeira alternativa – e rapidamente esquecer do assunto, legando a César o que é de César, ou seja, deixando o destino miserável afegão a cargo dos afegãos miseráveis. Mas assim como Greta inspirou novas Gretas pelo mundo, a jovem Nobel da Paz Malala Yousafzi inspirou outras Malalas. Na retomada do Afeganistão pelas forças talibãs em 2021, a opressão contra a mulher voltou à cena, com a retomada do édito medieval de que a elas não é facultado o direito de estudar. Sotooda Forotan, de apenas 15 anos, mobilizou-se contra tal disparate e, arriscando a
própria vida, demandou a reabertura de escolas para mulheres em Herat. Deu certo. (Créditos: Reprodução)