A Sérvia é um país de valores nacionalistas muito aflorados, que esteve, inclusive, do lado opressor do conflito mais fratricida da Europa após a Segunda Guerra, a Guerra da Bósnia. Assim, a assunção em 2017 de uma lésbica ao cargo de primeira-ministra não é algo de pouca monta. Ana Brnabic, 46 anos, estudou nos Estados Unidos e no Reino Unido, e está ideologicamente a anos-luz dos extremistas de direita que pululam na política local. Ela vem fazendo esforços para a criação de uma cultura de compliance e governança em seu país, e quer formar uma geração de estudantes íntimos da tecnologia. Ana também vem entabulando conversas com Kosovo, que lutou dramaticamente por sua independência contra a Sérvia nos anos 1990. Em entrevista à revista The Economist ao assumir (o posto), Ana teve dificuldade em se posicionar a respeito do presidente russo Vladimir Putin, cujas posições contrárias às minorias são explícitas. O diabo é que Putin lidera um país com a qual a Sérvia mantém relações estreitas – um velho político norte-americano diria “carnais”. (DLD)
Agora em seu segundo termo consecutivo como primeiro-ministro da pequena Luxemburgo, Xavier Bettel gosta de dizer que, em alguns meetings em países estrangeiros, costumam tentar persuadi-lo a chamar seu cônjuge de “assistente político”. Bettel então responde que prefere a “reputação de ser gay” do que “a de ter relações com seu staff”. Antes prefeito da cidade-Estado, ele se tornou o primeiro primeiro-ministro abertamente gay a ser reeleito para uma chefia de Estado do mundo. Bettel neste momento se encontra hospitalizado em decorrência da Covid-19. Ele recebeu a primeira dose da vacina da AstraZeneca em 6 de maio. (Crédito: European Parliament)
Pioneira entre os primeiros-ministros abertamente gays, Jóhanna Sigurdardótti foi também a primeira mulher a dirigir a Islândia, entre 2009 e 2013. Antes comissária de bordo e militante do partido trabalhista, Jóhana é mãe de dois filhos, que teve com um ex-marido com quem manteve uma relação heterossexual longeva. Ela foi apontada para o gabinete após a dissolução do anterior, na esteira da crise mundial do subprime de 2008, que também atingiu fortemente a Islândia. Jóhanna tinha penetração popular e mantinha boa relação com os deputados, especialmente os da coalizão Left-Green. (WikiCommons)
O governador gaúcho Eduardo Leite (PSDB) causou sensação na quinta (1º) ao se declarar gay, um “governante gay”, não um “gay governante”, como fez questão de expressar, mas não dá para dizer que ele esteja completamente na vanguarda desse movimento, já que o senador Fabiano Contarato (Rede-ES), eleito em 2018, jamais fez segredo de sua condição sexual. Casado e com um filho adotado antes do enlace com o marido, Rodrigo Grobério, o também delegado de polícia e professor de direito Contarato pode dizer, como a governadora potiguar Fátima Bezerra (PT), que em sua vida “nunca existiram armários”. Curiosamente, Fátima é cobrada pela comunidade LGBT a afirmar mais explicitamente sua condição sexual. (WikiCommons)