A HISTÓRIA NÃO CONTADA

Luiz Fernando Carvalho estreia série sobre a independência do Brasil na TV Cultura dando luz a personagens sempre negligenciados

“Q ue país é esse?” Eis a pergunta que Luiz Fernando Carvalho conta que se fez para criar Independências, série de 16 episódios que a TV Cultura exibe semanalmente até dezembro. “A narrativa se construiu por meio de um amplo conjunto de saberes não apoiados unicamente na cultura eurocêntrica. O Brasil vai além”, responde o próprio diretor.

“Parti da construção de um local não realista, vazio, minimalista, onde todos os personagens ocupam o mesmo espaço físico, rejeitando a reconstituição de época e a hierarquia de classes”, conta. A série foi gravada em um espaço circular, construído sobre o tablado onde os atores ensaiaram durante quatro meses.

Não é a primeira vez que Luiz Fernando Carvalho visita o século 19. Diretor das celebradas séries Os Maias (2001) e Capitu (2008), na TV Globo, ele agora se volta a fatos e personagens que marcaram a emancipação do Brasil. Em vez de uma celebração mítica e glorificadora, o diretor propõe uma narrativa que vai na contramão do discurso oficial.

Dos desmoronamentos históricos, por exemplo, emerge a importância do protagonismo feminino, como a figura da imperatriz Maria Leopoldina, peça central no processo emancipatório, e de Maria Felipa de Oliveira, que lutou pela independência na Bahia.

Aos 62 anos – mais de 35 deles dedicados à tevê e ao cinema –, Carvalho estreia na televisão pública depois de três décadas na Globo. Em Independências, o diretor contou com a assessoria de intelectuais negros para a escrita do roteiro, assinado por Paulo Garfunkel, Alex Moletta e Melina Dalboni. E, na pesquisa histórica, ele encontrou um “espelhamento trágico do século 19 com o Brasil de hoje”. “É um país que se desperdiça.”

Luiz Fernando Carvalho traz em Independências personagens negligenciados pela história oficial