Por Aline Vessoni
Fotos Paulo Freitas
São Paulo, avenida Brigadeiro Faria Lima, principal centro financeiro do país. Carros, motos, bicicletas, o futuro da mobilidade urbana e muita gente por todos os lados. No 5º andar de um de seus prédios, onde está localizado o escritório Vilardi Advogados, o silêncio, no entanto, não condiz com os ruídos e a barulheira do lado de fora. Talvez esteja aí uma das razões da dificuldade do advogado Celso Vilardi em se manter afastado do escritório durante a pandemia. “Foi muito difícil, eu tentei trabalhar em casa, mas me concentro melhor no escritório. Como ele estava vazio, resolvi continuar com a minha rotina. Fiquei apenas três semanas afastado e depois comecei a vir sozinho, a princípio de duas a três vezes por semana”, conta.
O nome por trás da empresa é um dos mais importantes em direito penal no Brasil e foi advogado de defesa de alguns réus da Operação Lava Jato. Em seu escritório, uma dezena de livros de direito penal sobre a mesa, todos com as páginas marcadas – prática de quem exerce pesquisas exaustivas. Aliás, para Vilardi, essa é uma das fórmulas para o sucesso profissional na advocacia.
“A primeira coisa é não parar de estudar. Quem não se atualiza, não tem chance. Até porque, em um país como o Brasil, com as constantes modificações legislativas, se você não prestar atenção, nem sabe o que é crime.” Em segundo lugar é se modernizar, ter gente jovem por perto, ouvi-los”, conta. Foi exatamente o que aconteceu durante a Operação Lava Jato, quando o escritório, além de prestar serviços de advocacia criminal, passou a atuar na gestão de crise empresarial, já que “quando os crimes acontecem de forma reiterada no âmbito da empresa, isso gera um desgaste perante os diretores, acionistas, investidores etc.”.
Com uma rotina bastante regrada, Vilardi é do tipo que acorda cedo – por volta das 6 da manhã –, lê os jornais, pratica exercício físico e às 9 já está no escritório para longas jornadas de 12 ou 13 horas de trabalho. Indagado sobre a dificuldade de encarar as duras notícias da atualidade logo como primeira atividade diária, o advogado vê como parte do ofício, mas alerta em tom de preocupação: “O Brasil está polarizado, violento. Parte da discussão da polarização [política] está atrelada a um ataque às instituições, o que nunca tivemos no país a não ser em momentos de ruptura […] acredito que teremos muitos atos antidemocráticos até as eleições”.