6 ATITUDES DE UMA PESSOA ALIADA DA INCLUSÃO

POR CAROLINA IGNARRA*

A visibilidade do tema Diversidade, Equidade e Inclusão, motivada pelo ESG e pelos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, com 17 metas até 2030 para proteção do planeta e dignidade das pessoas), tem estimulado o surgimento de novas ações. Percebemos o aumento da participação positiva de executivos e executivas a favor de culturas mais inclusivas nas organizações.

Natural que as intenções, no primeiro momento, possam ser por conveniência, por obrigação de lei. Sabemos que para virar convicção ainda tem uma jornada a alcançar. Porém, esse é um bom sinal de que a inclusão tem sido mais recorrente nas empresas e também fora delas.

O corporativo ainda está entendendo como iniciar essa pauta e qual o papel de executivas e de executivos como pessoas aliadas da inclusão. O importante é ter atitude para começar. A primeira delas é humildade para assumir que está em aprendizagem. Estamos todos em desconstrução, mas isso não justifica nossas falhas. Os erros servem para provocar mudanças de comportamento.

A segunda atitude é entender a interseccionalidade, porque não é possível se posicionar como pessoa justa e inclusiva se levantamos apenas uma das bandeiras de grupos minorizados. Precisamos considerar as necessidades de todas e todos como caminho na jornada de inclusão.

A terceira atitude é reconhecer a nossa condição de privilegiadas e privilegiados, o que não anula nossos esforços, mas nos ajuda a entender que com os mesmos esforços ainda há pessoas que tiveram menos oportunidades.

A quarta atitude é saber a diferença entre ser uma pessoa aliada e ser uma pessoa simpatizante da inclusão. Essa última fica de fora, não se envolve e assim não mobiliza pessoas. O aliado precisa entender e valorizar o que tem sido feito para contribuir sobre inclusão. Seguir pessoas dos grupos minorizados nas redes sociais é um começo para conhecer as novas formas de entender a vida. Também é importante compartilhar os conteúdos nas nossas redes, no ambiente de trabalho, na família e onde mais estivermos presentes.

A quinta atitude de pessoas aliadas da inclusão é o incômodo contra as injustiças. É sentir-se verdadeiramente atingido com as piadas que ofendem e excluem pessoas por sua raça, credo, caraterísticas etc.

A sexta atitude é a reação para nos posicionarmos contra o fortalecimento do capacitismo, machismo, racismo, homofobia etc. Todas as formas de discriminação que nunca estão sozinhas. Sempre tem alguém para rir, concordar ou dar continuidade à exclusão.

Mesmo sob o risco de ter o rótulo de “a pessoa chata da inclusão”, que pode inibir nossas reações, precisamos apontar e desconstruir esses comportamentos. Uma forma amistosa é assumir estar junto nessa desconstrução, com exemplos próprios. Uma pessoa aliada entende sua importância como agente da humanização das atitudes para a transformação contra as injustiças e fazer do mundo um lugar realmente bom para todas e todos.

 

*Carolina Ignarra é CEO da Talento Incluir, consultoria que já inseriu mais de 8 mil profissionais com deficiência no mercado de trabalho. É autora de dois livros: Inclusão e Maria de Rodas – Delícias e Desafios na Maternidade de Mulheres Cadeirantes