Da Maré para o mundo

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Uma das precursoras entre as influenciadoras digitais, Bianca Andrade mostra a que veio como mulher de negócios, com metas ousadas e aposta no mercado internacional

Por Carla Julien Stagni
Fotos: Mauricio Nahas
Styling: Cuca Ellias

Na época em que começou a dar seus primeiros passos no universo digital, aos 16 anos, “na internet era tudo mato”, brinca Bianca Andrade, ou Boca Rosa, como é conhecida entre seus milhões de fãs e seguidores. Dez anos se passaram até a garota nascida e criada na comunidade da Maré, no Rio de Janeiro, se tornar um case de sucesso, não só como influencer e youtuber, profissões surgidas no século 21 e das quais Bianca é uma das precursoras, mas como empresária em ascensão. “Comecei com 16 anos na internet, como hobby, sem expectativas. Sempre fui muito vaidosa e postava conteúdos relacionados à maquiagem e beleza, focando na minha comunidade. Eu improvisava muito e esse foi um ponto importante. Trazer um conteúdo diferente, mais acessível, que tinha a ver com a minha realidade. Mesmo morando na favela e não tendo nenhuma estrutura que me ajudasse a crescer, segui adiante”, lembra ela.

Criada pela mãe – o pai não foi presente na infância e adolescência –, Bianca nunca duvidou que poderia chegar lá: “Eu era feliz da vida na Maré. Mas sonhava em ser famosa, em ter uma condição financeira melhor. Nunca coloquei barreiras nos meus sonhos. Via as pessoas ricas, fora da minha realidade, e achava que podia ter aquilo também. Não achava inacessível. Tive o privilégio de ter uma mãe que foi rígida comigo, me colocou no caminho certo e me empoderou muito”, conta Bianca, hoje com 27 anos, casada com o youtuber Fred, do canal Desimpedidos, e mãe do pequeno Cris, de 9 meses.

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Ser “apenas” influencer digital ficou pequeno para a criatividade e ambição da carioca. E uma coisa acabou levando à outra. Ela já era uma das maiores influenciadoras das redes no Brasil – no Instagram tem 17,5 milhões de seguidores, mais de 1 milhão no Twitter e quase 6 milhões de inscritos no YouTube – quando, há três anos, decidiu enveredar pelo mundo dos negócios. E deu certo. Há quem acredite que Bianca tem o chamado “toque de Midas”, tudo em que ela aposta deslancha. “Me considero, sim, uma visionária, tenho que me dar esse crédito. Sempre tive essa inquietação e questionava: o que as grandes empresas fazem de diferente, por que têm um branding tão bem-feito? Acho que o que faz a diferença no meu caso é que, além de criar, dominar o storytelling, participo de todos os processos a fundo: sou a CEO da minha empresa, faço a gestão, boto a mão na massa. Empreender é correr risco. Me inspiro em mulheres que deram certo, porque os homens não passam pelo que passamos e não têm nossas dores”, comenta a empresária, que, entre seus projetos para este ano está compartilhar sua expertise como gestora com mulheres periféricas: “Estou preparando um curso on-line de como fazer um negócio pequenininho crescer. Vou explicar sobre lucro, investimento, marketing… um bê-á-bá básico e bem completo. Porque as empreendedoras das comunidades não têm acesso a isso. Como vim do mesmo lugar que elas, sei exatamente como fazer acontecer e quero ensiná-las para que consigam alcançar seus sonhos como eu”.

“Me inspiro em mulheres que deram certo. porque os homens não passam pelo que passamos e não têm nossas dores”

Atualmente, Bianca Andrade está à frente do Boca Rosa Company, holding com 21 pessoas no bairro dos Jardins, em São Paulo, que cuida de tudo que seja ligado à marca. “Além de escritório, é um centro de inovações, um espaço 100% instagramável, com estrutura necessária para criar diversos conteúdos.” É de lá que ela e sua trupe administram a Boca Rosa Beauty, uma das linhas de maquiagem mais vendidas do país, e a Boca Rosa Hair, com produtos para cabelo em parceria com a Cadiveu, entre eles o último lançamento, uma vitamina para cabelos em gominhas com formato de boca – única do gênero no mercado brasileiro com o selo da Peta Internacional, o que comprova a composição 100% vegana e cruelty free –, que em 72 horas esgotou o estoque de um mês, 19 mil frascos, e faturou R$ 1 milhão. Lembrando que, em 2020, Bianca teve um faturamento de R$ 120 milhões e pretende ultrapassar esse número em 2022. Ao que tudo indica, não terá dificuldades de bater essa meta.

“Este ano vou levar a Boca Rosa Hair para Portugal. Esse é um passo muito importante porque depois quero focar na América Latina. Estou me preparando para isso. Tenho feito muitas aulas de inglês, porque ainda não sou fluente, e vou começar espanhol”, avisa Bianca, que, antenada que é, já notou que o metaverso é a grande aposta do momento e está desenvolvendo seu avatar, que vai interagir com as pessoas que a seguem na internet. “Costumo dizer que precisaria de outra Bianca para dar conta de tudo e agora é possível ter várias. Mais para frente vamos ter nossos próprios produtos virtuais, NFTs…” O céu é o limite!

 

“Este ano vou levar a Boca Rosa Hair para Portugal. Depois quero focar na América”

Blazer e calça Hugo Boss, top Alice Capella, brinco e gargantilha Neuza Pinheiro, anéis e colar Marisa Clermann, tênis Nike