Por Anderson Antunes
Acostumado a estar sempre bem apresentável para receber seus clientes, o corretor de imóveis americano Ben Dixon teve um susto logo no começo da pandemia quando participou de uma reunião virtual pelo Zoom e teve a chance de conferir a própria aparência sob o ponto de vista alheio. “Imediatamente pensei: ‘Você pode fazer uma forcinha para melhorar isso’”, brincou Dixon, de 42 anos, em entrevista ao New York Post, na qual revelou que sua nova percepção de si mesmo resultante do uso cada vez mais frequente das videoconferências o tornou consumidor de produtos de beleza masculinos. E ele não está sozinho.
De acordo com um levantamento recente, somente em Nova York o aumento das vendas de produtos do tipo para homens foi de mais de 60% no último ano. E tal boom teve reflexo também nas buscas on-line: no Google, as pesquisas pelo assunto dispararam mais de 80% desde março de 2020.
Não é de hoje que os homens têm cuidado da beleza, e no mundo inteiro as grandes marcas que atuam na área investem cada vez mais na conquista deles como clientes, em busca de uma freguesia que movimenta perto de US$ 50 bilhões por ano. A novidade trazida pela crise causada pela Covid-19, no entanto, é que certos tabus caíram por terra com o advento do Zoom.
Um exemplo disso é o grande número de marcas de maquiagem masculinas que estão surgindo. Nos EUA, por exemplo, a gigante das redes de farmácias CVS incluiu uma dessas marcas em seu portfólio, a Stryx, cujo slogan é “não há nada de errado em ser lindo”. Disponível em 2 mil das quase dez mil lojas da rede no país, a Stryx, que nasceu em 2017, viu suas receitas saltarem de aproximadamente US$ 20 milhões em 2019 para mais de US$ 60 milhões no ano passado. E concorrentes não lhe faltam no disputado mercado americano, que costuma ditar as regras para o resto do mundo.
Outro fator que chama atenção no “efeito Zoom” tem a ver com a idade dos rapazes, que varia dos 20 e poucos anos aos 70. Alguns homens mais maduros, aliás, estão nessa moda há muito tempo, mas agora finalmente têm a chance de encontrar nas prateleiras produtos feitos exclusivamente para eles.
Mais do que estar bem consigo e gostar da imagem refletida no espelho, um rosto em dia também é sinônimo de bons negócios. E que o diga Dixon, que agora não sai de casa sem base. “Não sei se foi por acaso, mas logo na primeira vez que usei maquiagem consegui vender um apartamento de US$ 30 milhões. Esse é o novo equivalente do terno de luxo, só que mais barato”, finalizou o corretor vaidoso.