Nelson Rodrigues costumava dar um conselho aos jovens: “Envelheçam.”
Presidente do Senado, o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) parece já ter nascido um ancião, como se a velha política de Minas Gerais, estado onde ele cresceu, já estivesse introjetada de há muito em seu plasma.
Em seu segundo mandato parlamentar, tornou-se presidente da “Casa Alta” aos 44 anos.
E agora tem seu nome cada vez mais ventilado para a presidência da República, em 2022. Mas quando se vê quem é seu principal incentivador, dá para dizer, como o menino do comercial da geleia de mocotó: “Ah, mas é o Kassab!”
Ou seja, o balão de ensaio de Pacheco pode ser só isso mesmo – um balão de ensaio, já que o senador Gilberto Kassab (PSD-SP), como se sabe, embarca em qualquer composição ideológica.
De qualquer forma, Pacheco teve de sair de sua zona de conforto nos últimos dias, e o fez bem, apesar do retardo. Ele foi instado pelo senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI da Covid e por isso atacado pelos chefes militares, a oferecer-lhe desagravo – na verdade oferecer ao Senado inteiro uma posição altiva.
Essa posição veio com retardo de 24 horas, mas veio. Disse Pacheco, na sexta (9): “Nós não podemos admitir qualquer tipo de fala, de ato, de menção que seja atentatória à democracia ou que estabeleça um retrocesso naquilo que, repito, a geração antes da minha conquistou e que é nossa obrigação manter, que é a democracia no nosso país.”
Nesta segunda (12), o novo-velho político mineiro nascido em Rondônia emitiu nota para desmentir especulação do UOL que o colocava na corrida pelo Planalto em 2022:
“Não discutirei agora o processo eleitoral de 2022. Meu compromisso é com a estabilidade do país, e isso exige foco nos muitos problemas que ainda temos em 2021.”