No show de desinformação que está sendo a oitiva do deputado federal Osmar Terrra (MDB-RS) à CPI da Covid nesta terça-feira (22), em que aproveitou cada uma de suas respostas para atacar o isolamento social, o lockdown, as políticas de combate à pandemia no Rio Grande do Sul e na Argentina, um personagem bastante distante de Brasília ganhou destaque: Drauzio Varella.
O médico teve seu vídeo de janeiro de 2020, quando prognosticou uma pandemia de Covid-19 de pouco impacto por aqui, exibido pelo senador governista Marcos Rogério (DEM-RO), na tentativa, se não tanto de desqualificar o médico, mostrar que “todo mundo errou” em suas previsões na pandemia.
Seria o caso de Osmar Terra.
A senadora Simone Tebet (MDB-MS) foi rápida em mostrar a inadequação da citação, uma vez que Varella logo reviu sua posição e, mais ainda, que, submetido a provas científicas, o conhecimento sobre a Covid-19, bastante provisório na época do vídeo, foi ganhando corpo.
Simone chegou a fazer um apelo para que a CPI ouvisse o médico, que ela chamou de “homem de bem”, ou que o médico enviasse um vídeo à comissão.
O senador Randolfe Rodrigues, depois, contudo, exibiu outro vídeo de Varella, de quatro meses depois, em que ele reconhece “não ter avaliado bem” a situação em janeiro, quando “sequer havia um caso de Covid-19 no Brasil”, como sublinhou Randolfe.
Em entrevista recente ao jornal O Tempo, de Belo Horizonte, Drauzio lastimou essa instrumentalização de sua fala pelo bolsonarismo, e disse que tinha “profundo desprezo” por quem “colabora para as que as pessoas morram, para que as pessoas sofram”.