Na lista infindável de problemas que o governo precisa administrar nestes dias, um dos mais complicados, senão o mais, é a sanção do Orçamento de 2021, prevista para semana que vem. Nem mesmo a CPI da Covid tem tanto apelo quanto a aprovação das contas públicas.
Como se sabe, o Orçamento não prevê despesas obrigatórias como o seguro-desemprego e benefícios distribuídos pela Previdência Social, entre outras ausências cabulosas.
O elemento surpresa deste imbróglio é um parecer técnico da Câmara Federal que surgiu nesta quarta-feira (14) e deu ao presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), condições de manter sua posição e defender a integridade do texto.
Se necessário, problemas podem ser corrigidos em dispositivos à parte, confeccionados ao longo do ano.
Dispositivos ou, numa linguagem mais adequada, projetos de lei a serem enviados ao Legislativo.
Em outras palavras: Bolsonaro passa a comer ainda mais na mão de Arthur Lira e Co.
O superministrinho da Economiazinha, Paulinho Guedes, vem apontando inconsistências no modelo e alertando para a possibilidade de cometimento de crime de responsabilidade fiscal – aquele mesmo que foi usado como justificativa “técnica” para o impeachment de Dilma Rousseff.
Entra em cena então a ministra da secretaria-Geral da Presidência, Flávia Arruda, deputada licenciada incumbida de conversar com os congressistas em busca de uma maneira de cortar o Orçamento. Ela tem até a próxima terça-feira (20) para conseguir sinais de apoio para o Planalto.
Caso o trabalho seja insatisfatório, dizem assessores palacianos, Paulo Guedes está pronto para atirar as suas pedras em cima de Flávia.