Parece uma era geológica atrás, mas na real não faz assim tanto tempo. Quando a hoje senadora Kátia Abreu (PP-TO) assumiu o ministério da Agricultura, no governo Dilma, fez escola. O tailleur Chanel que usava em ocasiões especiais virou febre no Congresso.
Replicar os conjuntinhos brancos e pretos ou azuis com bege (agora “nude” ou “off-white”) era um termômetro da influência de Kátia entre os poderosos. Foi nessa época que a hoje deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) começou sua coleção de peças rosas e vermelhas com pedrarias e rendas.
Em 2019, Joice Hasselmann (PSL-SP), quando ainda bolsonarista, pisava nos corredores da Câmara com seus Louboutin. A marcante sola vermelha do sapato francês, ainda que com alguns anos de delay, ganhou rapidamente o parlamento: mesmo quem não tinha bala para comprar Louboutin na loja do shopping Iguatemi usava genéricos.
E citavam Joice: “o sapato bem chique igual o da líder do governo”. Celina Leão (PP-DF) era uma das discípulas fashion da pesselista.
Pois bem: agora o item a ser usado é a sandália Clarita, de Alexandre Birman, apresentada ao mundo político no primeiro dia de expediente da nova ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda (PL-DF).
Ela escolheu um modelo todo preto. Quem tem um igualzinho é a primeira-dama Michelle Bolsonaro, só que branco. A deputada Shéridan (PSDB-RR) possui um verde.
“É um termômetro, sem dúvida. Vestuário é como vocabulário: você vê que alguém está aumentando de tamanho se um bordão muito específico começa a ser usado com frequência, como imitação ou homenagem”, explica o cientista político Felippo Madeira, professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG).
Na loja online de Alexandre Birman, o modelo Lovely Clarita 100 Lea em azul “starlight” com salto de 10cm custa R$ 1 440. Dá para parcelar em dez vezes, sem juros.