Após gastar cerca de R$ 400 mil para levar uma comitiva brasileira a Israel (deputados 03 e Hélio Negão incluídos) em busca de um spray nasal ainda pouco estudado, o governo brasileiro não soube explicar em detalhes o motivo da viagem.
Esse questionamento foi feito durante sabatina ao chanceler Ernesto Araújo nesta quarta-feira (23), no Senado Federal, sobre a distribuição das vacinas no Brasil.
O ministro das Relações Exteriores não conseguiu detalhar as conversas. Para ser sucinto, ele respondeu que apenas viajou “em busca da ciência”.
Esse “em busca da ciência” seria o medicamento vendido como a nova panaceia contra a Covid-19. Detalhe: o produto está na fase 1 de desenvolvimento.
O tom, que já era pouco amistoso, subiu. De maneira inédita, sete senadores pediram a demissão de Araújo, diante dele.
Jorge Kajuru (Cidadania-GO) pegou pesado:
“Eu no seu lugar, se eu tivesse ouvido as perguntas do [Fabiano] Contarato e da Kátia [Abreu], meus colegas senadores, eu no seu lugar eu pediria demissão hoje”, disse.
“Sua fala não parece diplomática. O senhor defende quem o ofendeu. O senhor faria muito bem para o Itamaraty se deixasse esse posto”, disse Fabiano Contarato (Rede-ES).
“A cara do Brasil é de um país que está colocando o planeta em risco. Pense se não valeria a pena o senhor abrir mão desse cargo. Não é pessoal. O senhor não foi bom pro Brasil. Pede pra sair”, falou Mara Gabrilli (PSDB-SP).
“O senhor não tem mais condições de continuar no ministério das Relações Exteriores. Nós somos um pária internacional. E sua conduta tem muito a ver com isso. Ou quase tudo a ver com isso. Um apelo: renuncie a esse ministério. Não é o seu momento. Esse seu momento é ruim para o país”, falou o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE).
“O senhor não tem condições de ser ministro. Faça um favor em homenagem aos 300 mil brasileiros que perderam a vida. Renuncie a esse cargo”, bradou Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
“Estamos aqui numa reunião sem sentido. Diante de um ministro que não reconhece qualquer falha. Vossa excelência é unanimidade no Senado, coisa que eu nunca vi. É unanimidade de rejeição e de incompetência” , disse Kátia Abreu (PP-TO).
Nesta quinta (25), Ernesto esteve na residência oficial da Presidência da Câmara dos Deputados, em Brasília, para falar com o presidente Arthur Lira (PP-AL), na tentativa de fazer uma espécie de prestação de contas. Antes da surra no Senado, durante a reunião tripartite do novo comitê da Covid-19, Lira já havia criticado severamente o chanceler.
Uma quarta-feira realmente difícil.