Queda do dólar surpreende e reflete instabilidade entre Trump e China

Dólar rompe barreira dos R$ 6 enquanto Ibovespa sente pressão negativa
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O dólar iniciou a sexta-feira em alta, mas mudou de direção após a divulgação de dados de inflação no Brasil e novas declarações do ex-presidente Donald Trump sobre a relação com a China. O ambiente de incerteza influenciou também o Ibovespa, que alternou momentos de alta e baixa ao longo do dia.

Pressão vinda de todos os lados

Os investidores absorveram a divulgação do IPCA-15, considerado uma prévia da inflação oficial. O índice subiu 0,43% em abril, puxado principalmente pelos preços de alimentos e medicamentos. O resultado veio acima das expectativas e reacendeu o debate sobre os rumos da política monetária brasileira.

Ao mesmo tempo, o clima no mercado externo continuou conturbado. Trump afirmou, em entrevista, ter recebido um telefonema do presidente chinês, Xi Jinping, para discutir a atual guerra tarifária. No entanto, a China negou qualquer conversa recente, classificando as declarações do norte-americano como “confusas”.

Disputa entre gigantes impacta o câmbio

A incerteza sobre um possível acordo comercial entre Estados Unidos e China tem afetado diretamente a confiança dos investidores. O impasse sobre tarifas tem provocado aumento de custos, queda na produção e risco de estagflação nos EUA — uma combinação perigosa de inflação alta com crescimento econômico fraco.

Trump sinalizou que pode reduzir tarifas, mas ainda não tomou decisões concretas. Enquanto isso, setores da economia americana já começam a sentir os efeitos negativos da disputa, e analistas projetam impactos diretos também nos países emergentes, como o Brasil.

Cenário incerto para os próximos meses

Diante desse cenário, o dólar recuou 0,18%, cotado a R$ 5,6816 no início da tarde. Na semana, a moeda acumulou queda de 1,94%, enquanto no mês a desvalorização ficou em 0,25%. No ano, a perda já atinge quase 8%.

O Ibovespa, por sua vez, oscilava próximo da estabilidade, após ter registrado uma forte alta na véspera. O índice recuava 0,01%, cotado a 134.563 pontos. O movimento reflete o descompasso entre o otimismo anterior e a nova rodada de incertezas.

Inflação continua no radar

Apesar do aumento em abril, o IPCA-15 aponta para uma desaceleração em relação ao mês anterior, quando havia registrado alta de 0,64%. Ainda assim, em 12 meses, a inflação acumulada chegou a 5,49%, superando os 5,26% de março.

Essa trajetória pressiona o Banco Central, que pode ser obrigado a reavaliar sua estratégia de juros. Para analistas, o ambiente continua desafiador, exigindo cautela dos agentes econômicos e atenção redobrada a novos dados nos próximos meses.