Moda com propósito: A jornada das irmãs por trás da Inglesis

Nesta entrevista, elas falam sobre os desafios do mercado de moda no Brasil, a dinâmica de trabalhar em família e os aprendizados mais valiosos da trajetória.

Fernanda e Bianca_Inglesis_Foto: Andre Ligeiro
Fernanda e Bianca_Inglesis_Foto: Andre Ligeiro

Com autenticidade, visão criativa e muito jogo de cintura, Bianca e Fernanda Inglesis transformaram um blog despretensioso em uma marca de moda autoral reconhecida. À frente da Inglesis, as irmãs compartilham os bastidores de uma jornada empreendedora construída com afeto, superação e propósito — desde os primeiros modelos vendidos até a consolidação da flagship da marca.

No início, a Inglesis surgiu como um blog e, com o tempo, evoluiu para a marca que conhecemos hoje. Empreender sempre foi um plano para vocês?

Nem sempre. No início, a marca nasceu como um hobby e foi evoluindo paralelamente ao meu antigo trabalho. Fui me apaixonando pelo empreendedorismo e, mais tarde, minha irmã se juntou a mim. Com esse fortalecimento e a vontade de ambas, decidimos seguir esse caminho.

Negócios familiares trazem desafios, especialmente quando envolvem irmãos ou outros parentes. Como vocês equilibram essa relação para manter tanto a parceria profissional quanto os laços pessoais?

Não é uma tarefa fácil. Nos primeiros anos, tivemos dificuldade em “separar” o trabalho da família e também em estabelecer uma relação profissional dentro da empresa.
Mas, com o tempo, aprendemos juntas a lidar de forma mais leve e respeitosa com tudo. Hoje, temos uma relação de irmãs e sócias muito especial.
Conseguimos encontrar um equilíbrio entre os dois mundos, pois chegamos à conclusão de que é impossível fingir que o trabalho não existe quando estamos em família — e vice-versa. Para manter as coisas fluindo bem, buscamos respirar fundo e escolher os momentos certos para tomar decisões, principalmente quando estamos fora do ambiente da Inglesis.

Ainda sobre desafios, quais são os principais obstáculos de empreender na moda no Brasil? Como vocês lidam com as barreiras criativas e empresariais do setor?

Os desafios são muitos, mas acreditamos que o principal deles é unir nosso universo criativo às mudanças constantes do mercado. Temos que ter em mente que somos uma marca independente e não podemos nos comparar com nomes que fazem parte dos grandes grupos — apesar da expectativa de qualidade e nível de entrega, online e offline, ser o mesmo.
Temos que nos desdobrar a cada coleção, campanha e ação, e cada membro da nossa equipe circula em muitas áreas e atividades diferentes para a gente executar bem o trabalho. Além disso, buscamos sempre estar atualizadas e abertas a mudar a rota quando preciso.
O mercado de moda brasileiro é rico em talentos e muita criatividade, o que nos desafia e motiva ao mesmo tempo.

Ao longo da trajetória da Inglesis, vocês passaram por diversas coleções, colaborações com influenciadores, rebranding e mudanças importantes, incluindo a abertura de lojas. Qual foi o momento mais marcante dessa jornada para vocês?

A abertura do nosso primeiro ponto físico foi muito marcante. Antes, tínhamos apenas um pequeno escritório com o e-commerce, e a inauguração aconteceu junto com a pandemia, o que tornou tudo ainda mais desafiador.
Atravessar esse período nos fortaleceu como marca e como equipe. Pudemos ressignificar essa experiência com a abertura da nossa flagship atual, em 2024, num momento mais maduro da marca — e nosso também, como profissionais — além de tempos mais tranquilos.
Foi muito especial olhar em volta e ver amigos, parceiros e nossa família — que nos prestigia e acompanha desde que vendíamos três modelos de camiseta em 2017.

Para finalizar, que conselho vocês dariam para quem deseja empreender no mercado de moda autoral?

Começar uma marca envolve muitas projeções, e nem sempre aquilo que imaginamos é o que realmente acontece. Então, o conselho é seguir sua intuição criativa, evitar comparações com o que já existe e estar preparado para mudar de rota de forma leve.
Focar sempre no produto: não adianta marketing, publicidade e uma loja linda se o produto não entrega o nível desejado em design e funcionalidade.