Prévia do PIB indica crescimento no início do ano, mas ritmo pode desacelerar

Previsões de inflação e juros para os próximos anos sobem novamente, indica relatório Focus
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A economia brasileira iniciou 2025 com um crescimento de 0,9% em janeiro, segundo o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira (17). O resultado veio acima das expectativas e marcou a maior alta desde junho do ano passado, quando o indicador avançou 1,1%. Apesar do desempenho positivo, analistas alertam que o ritmo pode desacelerar nos próximos meses.

Expansão econômica e desafios à frente

Na comparação com janeiro de 2024, o IBC-Br registrou uma alta ainda mais expressiva, de 3,6%, enquanto a variação acumulada nos últimos 12 meses ficou em 3,8%. O avanço reflete uma retomada da atividade econômica, impulsionada pelo setor de serviços e pelo crescimento do consumo interno.

No entanto, economistas apontam que esse fôlego inicial pode não se sustentar ao longo do ano. A taxa básica de juros (Selic), atualmente em 13,25% ao ano, continua elevada, o que reduz o crédito e dificulta novos investimentos. Além disso, o cenário internacional gera preocupações, especialmente com as incertezas na economia dos Estados Unidos e o impacto de possíveis recessões globais.

Mercado financeiro reduz projeções para 2025

Mesmo com o bom desempenho de janeiro, especialistas do mercado financeiro já preveem um crescimento mais modesto para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2025. As projeções atuais indicam uma alta abaixo de 2%, bem abaixo do crescimento de 3,4% registrado no ano passado.

Entre os fatores que explicam essa desaceleração, estão o impacto dos juros altos, a necessidade de controle da inflação e a cautela dos investidores diante das incertezas fiscais do país. O governo, por sua vez, mantém uma estimativa um pouco mais otimista, projetando um avanço de 2,3% para o PIB.

IBC-Br e PIB: entenda a diferença

Embora o IBC-Br seja considerado uma espécie de prévia do PIB, os dois indicadores possuem diferenças metodológicas. Enquanto o Banco Central calcula o IBC-Br com base na produção da indústria, agropecuária e serviços, o PIB oficial, medido pelo IBGE, também leva em conta a demanda interna e os investimentos do setor público e privado.

Por isso, nem sempre os números do IBC-Br refletem fielmente o resultado final do PIB. Em alguns momentos, o índice do Banco Central pode superestimar ou subestimar o desempenho da economia.

O impacto da política monetária no crescimento

O Banco Central tem adotado uma postura cautelosa em relação à política monetária. O diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, afirmou recentemente que a economia precisa desacelerar para que a inflação volte a ficar dentro da meta. Segundo ele, os dados já indicam sinais de moderação da atividade econômica, reforçando a necessidade de manter uma política de juros altos por mais tempo.

A expectativa do mercado é que a Selic comece a cair gradualmente ao longo do ano, mas a velocidade desse movimento dependerá do comportamento da inflação e das condições fiscais do país.